Gaddafi morreu após ser capturado, revela relatório do Human Rights Watch

De Trípoli (Líbia)

  • Ismail Zitouny/Reuters

    Muammar Gaddafi, ex-presidente da Líbia; morto em 20 de outubro de 2011

    Muammar Gaddafi, ex-presidente da Líbia; morto em 20 de outubro de 2011

A Human Rights Watch apresentou nesta quarta-feira (17) novas provas do assassinato do líder líbio Muammar Gaddafi após sua captura, e da execução de dezenas de seus seguidores em poder dos rebeldes, no relatório intitulado "Morte de um ditador: Vingança sangrenta em Sirte".

No documento, de 50 páginas, a HRW detalha as últimas horas de Gaddafi, as circunstâncias de sua morte e a execução de vários membros de seu comboio, com base em testemunhos e imagens gravadas com telefones celulares.

"Os resultados da nossa investigação levantam questões sobre as afirmações das autoridades de que Muammar Gaddafi morreu em um tiroteio e não após sua captura", destaca Peter Bouckaert, diretor da HRW.

Segundo a versão das autoridades líbias de transição, Gaddafi morreu em um tiroteio no momento de sua captura, no dia 20 de outubro de 2011, em sua região natal de Sirte (noroeste).

"As provas também revelam que milicianos da oposição executaron sumariamente ao menos 66 membros do comboio de Kadhafi capturados em Sirte", afirma Bouckaert.

Os milicianos, da cidade de Misrata, capturaram e desarmaram os membros do comboio de Gaddafi antes de golpeá-los violentamente. "Depois, executaram ao menos 66 deles próximo ao hotel Mahari", muitos com as mãos amarradas nas costas.

O correspondente da AFP enviado a Sirte em outubro apurou a descoberta de entre 65 e 70 corpos no hotel Mahari, vários com disparos na cabeça.


Imagens obtidas pela organização de defesa dos direitos humanos baseada em Nova York a partir de celulares de combatentes revelam milicianos agredindo e insultando diversos homens capturados no comboio de Gaddafi.

As mesmas imagens foram utilizadas para "confirmar que ao menos 17 destes homens capturados acabaram sendo executados no hotel" Mahari.

Sobre a morte de Gaddafi, a ONG cita imagens que provam que o ditador foi capturado vivo, sangrando com uma ferida na cabeça após ser agredido violentamente, e com hemorragia nas nádegas por golpes de baioneta. "Depois ele aparece sem vida", sendo levado quase nu em uma ambulância.

Baseada em outras imagens, a HRW afirma que Mutassim Gaddafi, um dos filhos do ditador, foi capturado com vida e levado a Misrata, onde o viram fumando e discutindo com combatentes antes de ser encontrado morto com uma ferida no pescoço.

HRW afirma que enviou os resultados da investigação às autoridades líbias de transição e que pediu às novas autoridades uma investigação completa destes crimes, que se assemelham a crimes de guerra.

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