Polícia revista residência da chefe do FMI

PARIS, 20 Mar 2013 (AFP) - A polícia francesa revistou nesta quarta-feira a residência da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, em Paris como parte de uma investigação sobre a arbitragem judicial de uma disputa entre o banco francês Crédit Lyonnais e o empresário e ex-ministro Bernard Tapie, na época em que era ministra das Finanças.

O litígio diz respeito à venda da empresa Adidas e permitiu a Tapie cobrar 400 milhões de euros. Na época em que a arbitragem foi realizada, Lagarde era ministra das Finanças do governo de Nicolas Sarkozy.

A pedido dos juízes da Corte de Justiça da República (CJR), única instância habilitada na França a julgar ministros por atos ocorridos no exercício de suas funções, a polícia procedeu uma revista da casa de Largarde no distrito XVI de Paris.

"A senhora Lagarde não tem nada a esconder", declarou à AFP seu advogado Yves Repiquet, sem precisar se os policiais realizaram alguma apreensão.

O advogado se declarou ainda que sua cliente não foi interrogada a respeito deste caso.

Ministra francesa da Economia de 2007 a 2011, quando foi nomeada para a direção do FMI, Lagarde optou por uma arbitragem para resolver uma disputa entre o Crédit Lyonnais e o ex-ministro Tapie a respeito da compra da Adidas.

O tribunal arbitral, uma jurisdição particular, condenou em julho de 2008 um consórcio público encarregado de administrar o passivo do Crédit Lyonnais a pagar a Tapie 285 milhões de euros como indenização (400 milhões com juros).

A justiça francesa abriu uma investigação que inclui duas fases. A fase ministerial foi aberta em agosto de 2011 pela CJR por desvio de fundos públicos.

Considerando contestável o recurso à arbitragem, a CJR afirma que Lagarde teve participação pessoal nos fatos, em particular ao dar instruções de votação aos representantes do Estado no conselho de administração da entidade pública encarregada do assunto.

Lagarde sempre alegou que o pedido de arbitragem foi feito para encurtar um procedimento judicial que considerava longo e oneroso.

Ouvida pelos deputados em 2008, ela afirmou ter tomado essa decisão de forma pessoal, sem receber ordens do então presidente.

Em 2011, o procurador-geral do Tribunal de Cassação recorreu à CJR, dada a condição de ministra de Lagarde na época dos fatos.

O procurador a recriminou por ter recorrido a uma arbitragem privada quando se tratava de dinheiro público, e por estar a par da parcialidade de alguns dos juízes arbitrais.

Na fase não-ministerial, um procedimento judicial foi aberto em setembro de 2012 pelo "uso abusivo de poderes sociais e ocultação deste delito" em prejuízo do consórcio público, procedimento que diz respeito aos altos funcionários das entidades públicas envolvidas no caso.

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