Venezuela cala deputada opositora e evita debate na OEA sobre crise

Em Nova York

  • Richard Drew/AP

    David Ranta (de verde) é abraçado pelo advogado depois que uma juíza o declarou inocente

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WASHINGTON, 22 Mar 2014 (AFP) - O governo venezuelano conseguiu nesta sexta-feira evitar um debate no Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre a onda de protestos que sacode a Venezuela, e impediu que a deputada opositora María Corina Machado discursasse para os membros do órgão.

A pedido do Panamá, a agenda do Conselho Permanente previa um debate sobre a crise na Venezuela, mas a medida foi finalmente rejeitada por 22 países.

O embaixador venezuelano na OEA, Ray Chaderton, afirmou que o discurso de Machado violaria os "princípios mais caros para a OEA, como o princípio da não intervenção".

Machado, que assistiu a sessão do Conselho Permanente a convite do Panamá, pediu em coletiva após o encontro que o organismo "aplique a Carta Democrática Interamericana e convoque uma reunião do Conselho Permanente e de chanceleres para analisar a fundo a crise democrática na Venezuela".

A OEA é o organismo que deve enviar uma missão de observação à Venezuela, onde uma onda de protestos contra o governo Maduro já deixou 31 mortos desde fevereiro passado, assinalou a Parlamentar.

Machado solicitou ainda ao organismo regional que condene a existência de presos políticos na Venezuela, peça o fim da repressão policial e militar, e defenda o direito de protesto no país.

"Na Venezuela foi alterada dramaticamente a ordem democrática. Hoje o mundo reconhece o regime venezuelano como uma ditadura".

A sessão do Conselho Permanente começou às 10H00 local, na sede da OEA em Washington, com o encontro sendo fechado a imprensa por decisão de 22 membros do órgão, incluindo Brasil, Argentina, Nicarágua e a própria Venezuela.

Panamá, Estados Unidos, Colômbia, México, Chile e Peru votaram por uma sessão aberta, mas foram derrotados.

Presente na sessão como "representante alternativa" do Panamá, Machado esperava apresentar a versão da oposição sobre a onda de protestos na Venezuela, mas após um debate de mais de duas horas, a maioria dos países decidiu excluir este ponto da agenda.

Finalmente, a deputada disse apenas algumas palavras ao Conselho Permanente, mas não tocou na crise venezuelana, limitando-se a agradecer ao convite do Panamá.

Na entrevista coletiva após a sessão, Machado pediu aos líderes latino-americanos que reajam à violência na Venezuela e ativem os princípios democráticos. "Os países da região têm um "compromisso coletivo de defesa da democracia" que assumiram ao firmar a Carta em 2001. "Alguns apelam à não ingerência (...), do mesmo modo que as ditaduras do século XX".

Machado é uma das promotoras do movimento "A Saída", que aposta na mobilização popular para obter a renúncia de Maduro, que qualifica os protestos de tentativa de golpe de Estado.

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