Islamitas manifestam no Egito antes de julgamento de Mursi


No Cairo

Islamistas manifestaram nesta sexta-feira no Egito e confrontos com a polícia foram registrados na cidade de Alexandria, com a aproximação do julgamento do presidente deposto Mohamed Mursi.

A coalizão pró-Mursi, que exige o retorno ao poder do primeiro presidente democraticamente eleito do país, convocou manifestações em todo o Egito a partir desta sexta-feira. Ela indicou que outra mobilização foi marcada para segunda-feira em frente ao tribunal onde Mursi será julgado.

Na cidade mediterrânea de Alexandria, foram registrados confrontos entre manifestantes e policiais, que usaram gás lacrimogêneo, segundo um oficial das forças de segurança, que acrescentou que 60 manifestantes foram detidos.

Os confrontos aconteceram um dia depois que a polícia prendeu 20 militantes islâmicos em Alexandria durante uma manifestação.

Na cidade de Zagazig, no delta do Nilo, cinco pessoas ficaram feridas nesta sexta-feira em confrontos entre manifestantes pró-Mursi e opositores do presidente deposto, segundo a agência oficial de notícias Mena.

E no Cairo, centenas de islamitas manifestaram em frente ao palácio presidencial, fortemente guardado por soldados e policiais, informou um correspondente da AFP.

Ante a convocação para a mobilização, um oficial da polícia garantiu à AFP que foi colocado em andamento um plano para garantir a segurança do tribunal e o transporte de Mursi até a sala de audiência, onde ele responderá, junto a outros 14 coacusados, por "incitação ao assassinato" de manifestantes ante o palácio presidencial em 5 de dezembro de 2012.

O ministério do Interior anunciou que 20.000 policiais serão mobilizados na segunda-feira para proteger a academia de polícia no sul do Cairo, onde o julgamento de Mursi acontecerá.

"A manifestação em massa na segunda-feira (...) será realizada do lado de fora do edifício (da academia de oficiais da polícia) em Torah", escreveu em um comunicado a Coalizão anti-golpe de Estado, dominada pela Irmandade Muçulmana, a qual pertence Mursi.

Mursi se encontra detido em um local secreto desde que, em 8 de julho, os confrontos entre partidários e soldados deixaram 50 mortos diante do local onde se encontrava preso inicialmente, desencadeado uma escalada da violência nas semanas posteriores.

Este julgamento ameaça agravar as divisões em um país onde milhares de partidários de Mursi morreram na repressão e onde mais de 2.000 islamitas foram presos, entre eles quase toda a direção da Irmandade Muçulmana, a confraria à qual Mursi pertence.

A repressão policial tem limitado a capacidade dos islamitas de se mobilizar massivamente.

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