Oposição da Ucrânia pede mediação e ajuda financeira ao Ocidente

Em Kiev

A oposição ucraniana pediu a mediação internacional e uma ajuda financeira do Ocidente, anunciaram neste domingo seus líderes diante de mais de 60.000 manifestantes reunidos no centro de Kiev. 


A questão foi abordada sábado em Munique em uma reunião dos chefes da diplomacia americana, francesa e alemã com os dirigentes da oposição ucraniana, declarou um dos líderes opositores, o ex-boxeador Vitali Klitschko, durante a manifestação na capital da Ucrânia.

A mediação deve contribuir com as negociações entre a oposição e o presidente Viktor Yanukovytch "para evitar interpretações divergentes", declarou Klitschko.

A oposição também solicitou ajuda financeira aos países ocidentais, que estariam "dispostos a oferecê-la", indicou o líder opositor Arseni Yatseniuk.

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"Dissemos a nossos sócios ocidentais que precisamos de ajuda financeira", ressaltou Yatseniuk. "Nós somos o povo da Ucrânia", acrescentou.

É a primeira vez que a oposição da Ucrânia pede ajuda. O país, em péssima situação financeira, abriu mão da ajuda europeia ao desistir, no final de novembro, de um acordo de associação com a União Europeia(UE), desencadeando uma onda de protestos sem precedentes.

Em troca, Yanukovytch recebeu de Moscou 15 bilhões de dólares em créditos, assim como uma redução considerável no preço do gás russo.

Ao mesmo tempo, o presidente Yanukovytch anunciou que vai retornar segunda-feira ao trabalho após um afastamento devido a uma "infecção respiratória aguda".

Nas ruas repletas de barricadas e fogueiras da capital ucraniana, um dos primeiros oradores da manifestação deste domingo, o ex-ministro do Interior do governo de Yulia Timoshenko, Yuri Lutsenko, denunciou a "nova tentativa de colonização" por parte da Rússia e de seu presidente Vladimir Putin.

Lutsenko também pediu a criação de "unidades de autodefesa" na Ucrânia. "Seria a melhor garantia contra um banho de sangue" afirmou, em meio a um contexto de rumores sobre um estado de emergência e de intervenção militar no país.

Já Vitali Klitschko exigiu a libertação incondicional dos manifestantes detidos durante os enfrentamentos que marcaram a crise política que paralisa a Ucrânia há mais de dois meses.

A oposição exige que Yanukovytch abandone o poder, a realização de eleições presidenciais em 2014, e não em 2015, como está previsto, e um retorno à Constituição de 2004, que restringia o poder do presidente.

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Enquanto isso, o opositor Dmytro Bulatov, torturado durante uma semana, deixou Kiev na noite deste domingo rumo a Riga, capital da Letônia, indicou o deputado Petro Porochenko em sua conta no Facebook.

"O avião com Dmytro Bulatov acaba de partir com destino a Riga. Ele vai ser tratado em uma clínica europeia", ressaltou Porochenko.

A parada em Riga foi uma escala antes da viagem a Vilnius (Lituânia), onde o opositor chegou esta noite para receber atendimento médico.

""Ele será levado de ambulância a um hospital de Vilnius. Estamos dispostos a ajudar todos os ucranianos feridos, sem distinguir entre a oposição e os outros", disse neste domingo o ministro lituano da Saúde, Vitenis Andriukaitis.

Bulatov tinha sido autorizado a viajar para o exterior para ser submetido a tratamento médico.

Depois de ter sido encontrado muito ferido, a justiça o colocou em prisão domiciliar por "organização de tumultos". As imagens do opositor com o rosto retalhado, depois de vários dias de torturas, rodaram o mundo e causaram consternação no governo americano e na Europa.

Segundo Vitali Klitschko, o militante pode ter como destino final a Alemanha.

Neste domingo, outras denúncias de agressões contra o governo foram lançadas. O blogueiro e jornalista russo, Nikita Perfilev, que acompanhava as manifestações no país, afirmou ter sido sequestrado e agredido junto com seu cinegrafista em Kiev por homens que falavam russo.

"Nos agrediram e disseram para voltarmos à Rússia", indicou ele em seu blog, sem indicar a data dos fatos.

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