Manifestantes tailandeses ameaçam tomar QG de crise do governo
Os manifestantes que exigem a renúncia da primeira-ministra tailandesa Yingluck Shinawatra seguiram nesta quarta-feira (19) para o quartel-general de crise, aumentando a pressão sobre o governo um dia depois dos confrontos que deixaram cinco mortos e dezenas de feridos. Todas as reuniões ministeriais previstas para esta quarta-feira neste complexo foram canceladas, segundo uma fonte do governo.
Muitos manifestantes se deslocaram até a zona norte de Bancoc e se posicionaram diante de uma área do ministério da Defesa, que Yingluck utilizou nas últimas semanas como sede alternativa do governo, já que a sede oficial está bloqueada pelos opositores.
"É difícil aceitar o fato de que Yingluck tenha ordenado (à polícia) que nos matasse e que agora se esconde no escritório do secretário permanente de Defesa. Vamos tomar (o escritório) e a encontraremos", afirmou o líder do movimento, Suthep Thaugsuban.
Violência
Nesta terça-feira, enfrentamentos entre o batalhão de choque da polícia e manifestantes deixou um saldo de cinco mortos, segundo o serviço de emergência Erawan. Um policial e um manifestante de 52 anos morreram após serem atingidos por disparos de arma de fogo, enquanto outros três civis perderam a vida por razões que ainda não foram esclarecidas. Além disso, cerca de 70 pessoas ficaram feridas, entre elas vários policiais, dezenas de manifestantes e dois jornalistas estrangeiros.
O confronto, em que houve troca de tiros e a explosão de uma granada, aconteceu quando a polícia tentou remover um dos acampamentos dos manifestantes e prendeu um de seus líderes, Somkiat Pongpaibul, que mais tarde foi libertado. A polícia tailandesa iniciou ontem uma operação contra vários acampamentos que ocupam várias avenidas e edifícios governamentais em Bancoc desde o dia 13 de dezembro do ano passado.
O ministro interino de Trabalho, Charlem Yoobamrung, responsável pelas operações de segurança, declarou que as autoridades devem retomar o controle de várias posições ocupadas pelos manifestantes antes da sexta-feira, como os locais próximos da sede do governo, o Ministério do Interior e o complexo governamental do norte da cidade.
O líder dos manifestantes, o ex-parlamentar pelo Partido Democrata Suthep Thaugsuban, pediu aos seus seguidores ontem à noite que persigam a primeira-ministra interina, Yingluck Shinawatra, por todos os eventos e reuniões previstas em território nacional. Os manifestantes exigem a queda do governo para criar um conselho não eleito que faça uma reforma do sistema político, considerado corrupto e a serviço dos interesses do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, irmão de Yingluck.
A Tailândia vive uma grave crise política desde o golpe militar que o depôs em 2006. Desde então, os opositores e partidários do ex-primeiro-ministro, que vive no exterior, recorrem a mobilizações populares para derrubar o governo da vez.