Tunísia se prepara para eleições cruciais

TUNES, 25 Out 2014 (AFP) - As primeiras eleições legislativas na Tunísia no domingo são uma "esperança" para o mundo árabe, declarou neste sábado o primeiro-ministro Mehdi Jomaa, muito otimista apesar da ameaça jihadista contra esta votação crucial para o país.

"Sabemos que esta experiência será alvo (de grupos extremistas), porque é única na região, ela carrega a esperança", afirmou à AFP durante uma inspeção das forças segurança no nordeste da Tunísia.

A transição democrática no país desde a revolução de 2011 "é o contra-projeto dessas pessoas, desses grupos, que sabem que o sucesso desta experiência será uma ameaça para eles, não só na Tunísia, mas em toda a região", acrescentou, enquanto a maior parte dos países que viveram a Primavera Árabe está mergulhado no caos ou repressão.

Sexta-feira, após um cerco de mais de 24 horas, as forças tunisianas mataram seis supostos membros de um grupo armado, incluindo cinco mulheres, na periferia de Tunes.

"Peço a todos os tunisianos que votem porque este dia é muito importante para a história política da Tunísia, e não tenham medo das ameaças terroristas que visam impedir as eleições, a criação de uma democracia, de um Estado de Direito", insistiu o ministro da Defesa, Ghazi Jeribi.

Desde a revolução, a Tunísia tem testemunhado o surgimento de grupos jihadistas responsáveis por ataques que mataram dezenas de membros das forças de segurança. Cerca de 80.000 policiais e militares serão mobilizados para essas eleições.

De acordo com analistas, dois partidos são favoritos: o islamita Ennahda, no poder de 2012 até o início de 2014, e seus principais opositores do Nidaa Tounes.

Cerca de 5,3 milhões de eleitores são chamados às urnas em 33 círculos eleitorais para eleger 217 deputados por representação proporcional. Os tunisianos no exterior votaram na sexta-feira em seus respectivos países.

"O que é importante, é (...) ver as últimas medidas de segurança, os preparativos para o grande dia, o momento da verdade", disse à AFP Chafik Sarsar, que chefia o órgão responsável pela organização das eleições (Isie).

O Isie indicou que provavelmente não seria capaz de anunciar os resultados na noite de domingo. Ele tem até o dia 30 de outubro para informar a composição do novo Parlamento. Os partidos podem, todavia, publicar os resultados de sua contagem de votos.

O sistema de votação proporcional favorece as pequenas formações, e as principais forças políticas já salientaram que nenhum partido será capaz de governar sozinho.

Outras incógnita é sobre a participação da população. Muitos tunisianos se dizem desiludidos pelos políticos que atrasaram em dois anos as eleições.

O Ennahda, que teve de deixar o cargo no início de 2014 depois de um 2013 marcado por uma crise política, o assassinato de dois de seus adversários e ataques jihadistas, assegua querer formar um gabinete de consenso, dizendo estar pronto para uma aliança de conveniência com Nidaa Tounes.

Por sua vez, o maior partido laico, que fez campanha como alternativa única ao Ennahda, também planeja em caso de vitória foram uma coligação e não fecha completamente a porta à colaboração com os islâmicos.

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