Intoxicação mata pelo menos 13 detentos na Venezuela
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Angel Zambrano/AFP
Familiares de presos ficam a espera de informações no portão da penitenciária de Uribana
Pelo menos 13 detentos morreram e outros 145 recebiam atendimento após uma intoxicação com medicamentos em uma penitenciária de Uribana (Lara, sudoeste) durante um protesto, anunciou o governo venezuelano, em uma nova tragédia em um país afetado pela violência carcerária.
Fontes policiais e ativistas dos direitos humanos consultados pela AFP, no entanto, anunciaram um balanço de até 21 detentos mortos por intoxicação.
"Informamos sobre a lamentável morte de 13 internos", afirma um comunicado do ministério de Serviços Penitenciários, que atribuiu a tragédia à "ingestão descontrolada de fármacos como antibióticos, antiepilépticos, anti-hipertensivos e álcool puro", o que deixou intoxicados 145 detentos, que recebem atendimento médico.
A justiça venezuelana designou uma equipe de promotores e analistas para investigar as mortes.
A tragédia aconteceu durante uma greve de fome e um protesto dos detentos do Centro de Reclusão David Viloria (conhecido como penitenciária de Uribana) contra o que consideram tratamento desumano e violações aos direitos humanos por parte das autoridades penitenciárias.
Segundo o comunicado oficial, "um grupo de internos se declarou em greve de fome na segunda-feira para exigir a destituição de um funcionário ministerial que acreditavam ter sido nomeado diretor do centro".
"Às 8H30 (11H00 de Brasília) se tornaram violentos e começaram a quebrar as paredes e as portas das áreas de reclusão. O apoio da Guarda Nacional foi solicitado de maneira imediata", completa o ministério.
Segundo o governo, os detentos atacaram o posto de saúde e entraram de maneira violenta na enfermaria, assaltaram a farmácia e ingeriram os medicamentos.
A ONG Observatório Venezuelano de Prisões (OVP) anunciou um balanço de 17 detentos mortos em hospitais de Lara e outros quatro em Maracay, no Estado de Aragua, que haviam sido transferidos do presídio David Viloria.
"Há 15 mortos no Hospital Central de Barquisimeto e outros dois no hospital do Seguro Social. Em outro grupo de detentos, transferido para o (presídio) Tocorón, há 16 intoxicados no Hospital Central de Maracay, incluindo 4 que faleceram e 12 que se encontram mal", disse à AFP Humberto Prado, diretor da OVP.
Prado advertiu que se desconhece a situação de vários presos transferidos do David Viloria para penitenciárias dos Estados de Portuguesa e Guárico, no sudoeste do país.
O boletim mais recente da ONG destaca a crise carcerária no país, um dos mais violentos do mundo, onde no primeiro semestre de 2014 morreram 150 detentos em vários atos de violência.
De acordo com a OVP, as penitenciárias da Venezuela são afetadas pela superlotação e pelas condições insalubres e de desnutrição dos presos.
Desde 2011, o governo do então presidente Hugo Chávez (falecido em 2013) implementou um plano para melhorar as condições de vida nas prisões, obter o desarmamento dos detentos e agilizar os processos judiciais, políticas que o sucessor Nicolás Maduro tenta dar prosseguimento.
Mas as prisões venezuelanas permanecem como locais de muita violência.
Na madrugada de quarta-feira, 41 detentos, condenados por crimes como homicídio e sequestro, fugiram de uma prisão provisória na região de Caracas.