Policial acusado de matar homem negro em Nova York não será julgado

Em Nova York (EUA)

  • Julio Cortez/AP

    Manifestantes gritam palavras de ordem na Times Square após o anúncio que o policial envolvido na morte um homem negro não seria indiciado pela Justiça

    Manifestantes gritam palavras de ordem na Times Square após o anúncio que o policial envolvido na morte um homem negro não seria indiciado pela Justiça

Um grande júri de Nova York decidiu não levar a julgamento um policial branco acusado de matar um homem negro em um incidente polêmico ocorrido em Staten Island, em julho passado.

"Após deliberar sobre a evidência apresentada neste caso, o grande júri não encontrou causa razoável para aprovar um processo legal", disse o promotor Daniel Donovan, sem dar detalhes sobre a votação das 23 pessoas que integravam o painel.

Eric Garner, de 43 anos, suspeito de vender cigarros ilegalmente, morreu após ter sido contido à força por vários policiais brancos, um dos quais, identificado como Daniel Pantaleo, o segurou pelo pescoço, uma prática proibida em Nova York.

A decisão de não julgar Pantaleo ocorre dias depois de um júri de Ferguson (Missouri, sul) fazer o mesmo com outro policial branco que matou um jovem negro desarmado, gerando violentos protestos.

Pantaleo, 29 anos, divulgou um comunicado no qual assegura que jamais teve a intenção de machucar Garner, e manifesta suas "condolências à família por sua perda".

O prefeito Bill de Blasio fez um apelo à calma após a decisão: "Isto não é o que muitos em nossa cidade queriam, mas apesar de tudo, a cidade de Nova York tem uma tradição forte e orgulhosa de expressão por protestos não violentos. Confiamos em que os descontentes farão conhecer sua visão de modo pacífico e construtivo".

De Blasio, que cancelou sua presença na tradicional cerimônia de iluminação da árvore de Natal do Rockefeller Center, anunciou que um grupo de 60 policiais testará, a partir deste final de semana, uma mini câmera em seus uniformes, em uma tentativa de dar mais transparência às ações da polícia.

"As câmeras corporais farão com que as ruas sejam mais seguras e nossos policiais, mais eficazes", afirmou o prefeito ao apresentar o projeto em uma coletiva de imprensa no Queens.

Nova York tem protestos após absolvição de policial


Os atos de Pantaleo foram captados por uma câmera amadora. No vídeo, Garner, pai de três filhos, se queixa várias vezes de não conseguir respirar. Obeso e asmático, ele perdeu os sentidos em seguida e foi declarado morto no hospital.

Sua morte foi qualificada como homicídio pelo instituto médico legal da cidade e voltou a deixar em evidência as tensões raciais de Nova York e aumentar a pressão sobre as autoridades.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, citou a crescente desconfiança de parte da comunidade em relação à polícia: "Estamos vendo excessivas situações nas quais as pessoas não têm confiança de que houve um procedimento justo (...). Isto é um problema americano".

A polícia de Nova York, a maior dos Estados Unidos, conta com 35 mil oficiais e é criticada frequentemente pelo uso abusivo de força, especialmente contra as minorias latina e negra.

O anúncio da absolvição de Pantaleo pode provocar novas manifestações, potencialmente mais importantes do que as realizadas nos últimos dias no caso Michael Brown, o jovem negro morto em Ferguson, e que deixou 30 detidos em Nova York.

Quando um juri do Missouri anunciou, na semana passada, que não encontrou evidencia suficiente para processar o policial Darren Wilson, ocorreram dezenas de manifestações, algumas delas violentas, em todo o país.

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