UE prepara projetos antiterroristas com Turquia e países árabes

Bruxelas, 19 Jan 2015 (AFP) - Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) anunciaram, nesta segunda-feira, que querem lançar projetos antiterroristas com a Turquia e os países árabes nas próximas semanas para aprofundar a cooperação depois dos atentados em Paris e das detenções no velho continente.

"Preparamos projetos específicos para serem lançados nas próximas semanas com alguns países, e aprofundar assim o nível de cooperação antiterrorista", declarou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, citando países como a Turquia, Egito, Iêmen, Argélia e nações do Golfo.

A UE também decidiu melhorar a coordenação em matéria de "troca de informações e de inteligência, tanto no interior da UE quanto em outros países". Mogherini enumerou mais vez a "Turquia, Egito, os países do Golfo, África do Norte, além de África e Ásia".

Os ministros se reuniram em uma Bruxelas superpatrulhada desde a semana passada, quando autoridades belgas mataram dois suspeitos, em uma operação para desbaratar células de supostos terroristas.

Eles discutiram como prevenir possíveis ataques de cidadãos europeus radicalizados e que voltam das zonas de combate na Síria ou Iraque, com a presença da Liga Árabe.

A chefe da diplomacia indicou que lançará duas "ações concretas imediatas": a ampliação do esquema de segurança em todas as delegações da UE nos países relevantes; a manutenção de contatos regulares entre profissionais da segurança e das equipes de antiterrorismo; e o aperfeiçoamento da comunicação com a população de língua árabe dentro da EU e com a comunidade árabe no mundo".



Dados pessoais No plano interno europeu, os 28 membros do bloco pediram, ainda, ao Parlamento Europeu para "relançar o trabalho sobre o PNR", o projeto de registro europeu de passageiros de companhias aéreas, que os deputados europeus bloqueiam desde 2011, reivindicando garantias sobre a proteção de dados pessoais.

Muitos ministros voltarão a se reunir na quinta-feira, em Londres, em um encontro copresidido pelo ministro britânico das Relações Exteriores, Philip Hammond, e o secretário de Estado americano, John Kerry, com a participação de uns 20 países, inclusive árabes.

O objetivo serão "os esforços comuns para degradar e derrotar" o grupo Estado Islâmico.

Os atentados em Paris deixaram 17 mortos, entre eles 12 na sede do semanário satírico Charlie Hebdo, além dos três atacantes.

A reunião preparou a agenda para a cúpula especial de chefes de Estado e governo, prevista para 22 de fevereiro, dedicada à luta contra o terrorismo, embora até agora muitos países-membros tenham se mostrado resistentes a compartilhar informação.

O ministro de Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steimeir, disse nesta segunda-feira que os ataques em Paris "mudaram a Europa e o mundo".

Hammond, o titular britânico da pasta, se pronunciou no mesmo sentido, mencionando especificamente a necessidade de criar o registro europeu de passageiros.

"Os países muçulmanos são os que sofrem a maior carga com o terrorismo e continuarão na linha de frente", disse ele.

Bélgica em busca de supostos terroristas As autoridades belgas continuavam nesta segunda-feira procurando Abdelhamid Abaaud, considerado o cérebro do plano de atentado que a polícia belga frustrou na semana passada.

Os promotores anunciaram que pedirão a extradição para a Grécia de um suspeito, detido no sábado, em Atenas, que "poderia estar vinculado" com a célula.

Na Alemanha, a polícia proibiu nesta segunda-feira uma manifestação do grupo islamofóbico Pegida (Europeus Patriotas contra a Islamização do Ocidente), bem como qualquer tipo de reunião pública na cidade de Dresden (leste), devido a um "risco terrorista concreto".

A Organização para a Coperação Islâmica (OCI) considerou que a publicação da charge de Maomé na edição histórica do semanário satírico francês Charlie Hebdo faz apologia ao ódio.

Manifestações multitudinárias contra a revista foram registradas na Chechênia, no Afeganistão e no Paquistão, onde bandeiras francesas foram queimadas.

No Níger, violentos protestos deixaram cinco mortos e 45 igrejas incendiadas no fim de semana.

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