Premiê japonês pede condolências aos EUA pelas vítimas da II Guerra

Washington, 29 Abr 2015 (AFP) - O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, expressou condolências e o "profundo remorso" pelo passado militarista japonês diante do Congresso dos Estados Unidos, mas não apresentou um esperado pedido de desculpas às mulheres abusadas sexualmente pelo exército imperial durante a Segunda Guerra Mundial.

A ausência deste pedido de desculpas gerou decepção entre os defensores das ex-escravas sexuais asiáticas.

"A história é dura", declarou Shinzo Abe aos legisladores americanos durante seu discurso de 46 minutos.

"Em nome do Japão e do povo japonês, ofereço com profundo respeito minhas eternas condolências pelas almas que todos os americanos perderam durante a Segunda Guerra Mundial", declarou, recebendo em seguida um longo aplauso.

"Depois da guerra, nós nos comprometemos com um caminho, de fortes sentimentos e de profundo arrependimento em relação à guerra. Nossos atos fizeram sofrer os povos dos países asiáticos", admitiu Abe.

Mas vários congressistas esperavam ouvir um pedido de desculpas às 200.000 asiáticas, em sua maioria coreanas, as chamadas "mulheres conforto", eufemismo usado na época para denominar as escravas sexuais do exército imperial japonês.

Uma delas, Lee Yong-So, de 87 anos, ouviu impassível o discurso de Abe. Ela foi convidada pelo congressista americano Mike Honda a assistir ao discurso.

Momentos antes, Abe visitou o memorial da Segunda Guerra Mundial, no centro de Washington. Nesta visita muito simbólica, depositou uma coroa de flores em frente ao monumento, erguido em homenagem aos centenas de milhares de americanos mortos durante o conflito, em parte sob as armas das tropas japonesas.

O líder japonês já havia expressado "condolências" ante o Parlamento australiano em julho do ano passado.

"Manterei as posições expressas sobre este tema pelos primeiros-ministros predecessores", declarou Shinzo Abe com a aproximação do 70º aniversário da rendição do Japão, em 15 de agosto de 1945.

Tomiichi Murayama pronunciou em 1995 suas "desculpas sinceras pela dominação colonial e agressão", uma expressão retomada por Junichiro Koizumi em 2005.

Dez anos depois, as palavras de Abe não fugiram do esperado e foram "insuficientes", segundo o senador e candidato republicano à Casa Branca Marco Rubio.



Livre comércio

Mas o principal objetivo da visita de Abe aos Estados Unidos era econômico. Tóquio, Washington e dez outros países da região Ásia-Pacífico negociam um acordo de livre comércio, o Acordo Estratégico Trans-Pacífico de Parceria Econômica (TPP, por sua sigla em inglês), que representaria 40% do PIB mundial e que exclui a China.

"Os Estados Unidos e o Japão devem assumir a iniciativa", ressaltou Shinzo Abe, que disse que "o objetivo está próximo."

A cooperação dos parlamentares americanos é essencial para dar a Obama uma "fast track" (via rápida) para a negociação, o que implica que o Congresso só pode se pronunciar a favor ou contra o acordo, mas não modificá-lo.

Paradoxalmente, Obama conta com o apoio dos republicanos, enquanto a ala esquerda dos democratas, com o apoio dos sindicatos, resiste temerosa que o acordo afete os empregos americanos.

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