Novas construções de Israel são um 'crime de guerra' para os palestinos

Em Jerusalém

  • Abbas Momani/AFP

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou nesta quarta-feira (29) a construção imediata de 300 unidades habitacionais na Cisjordânia ocupada, um "crime de guerra" para os palestinos, o que relança o processo de colonização visto pela comunidade internacional como o principal obstáculo para a paz.

"Após consultas junto ao gabinete do primeiro-ministro, a construção imediata de 300 casas em Beit El foi autorizada", indica um comunicado que também anuncia "o planejamento" de mais de 500 casas em Jerusalém Oriental, a parte palestina da cidade ocupada e anexada por Israel.

Imediatamente, os palestinos denunciaram as "atividades relacionadas com a colonização" como "crimes de guerra", que fazem parte de "um plano dos líderes israelenses para impor o 'Grande Israel' sobre a Palestina histórica e destruir a solução de dois Estados e a chance para a paz".

Hanan Ashrawi, um dos principais membros da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), também "condenou a escalada louca de colonização liderada pelo governo extremista" de Netanyahu.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também condenou a autorização do governo israelense, reiterando que "a colonização é ilegal ante a lei internacional (...) e um impedimento para a paz".

Ban pediu ainda a Israel que reverta "esta decisão em nome da paz".

Paralelamente a esta decisão, o exército israelense destruiu nesta quarta-feira duas casas em construção em Beit El, uma colônia da Cisjordânia perto de Ramallah, em cumprimento a uma decisão judicial.

Estas demolições provocaram confrontos entre colonos e as forças de segurança israelenses, constatou um fotógrafo da AFP.

A Suprema Corte de Israel ordenou no mês passado a destruição destes dois edifícios e rejeitou nesta manhã o recurso contra a destruição.

Abderrahmane Qassem, proprietário palestino das terras em que essas casas eram construídas, disse à AFP ter "ganhado hoje uma vitória sobre os colonos que roubaram a minha terra".

Resposta sionista

O gabinete de Netanyahu afirmou que a autorização dada nesta quarta-feira é para "uma construção prometida há três anos pelo governo de Israel após a destruição das casas da colina de Oulpena", um bairro de Beit El, onde colonos tinham construído sem autorização.

O ministro da Educação, Naftali Bennett, ele próprio um ex-líder dos colonos na Cisjordânia, viajou na terça-feira a Beit El. Ele elogiou o anúncio desta quarta, dizendo que "o papel do Judiciário é julgar, e o do governo de construir".

"Esta decisão é uma resposta sionista. É desta maneira que vamos construir o nosso país", acrescentou em um comunicado divulgado logo após o anúncio do chefe de governo.

Quanto ao projeto em Jerusalém Oriental, Netanyahu "autorizou o planejamento da construção de 115 habitações em Pisgat Zeev, 300 em Ramot, 70 em Gilo e 19 em Har Homa", todos bairros da parte ocupada e anexada por Israel desde 1967.

Cerca de 400 mil colonos israelenses vivem atualmente na Cisjordânia ocupada, e quase outros 200.000 vivem em diferentes bairros de Jerusalém Oriental. Dez anos apenas após a retirada unilateral de Israel da Faixa de Gaza, a maioria dos israelenses apoiariam uma retomada da colonização em Gaza.

A comunidade internacional considera ilegal a colonização, ou seja, a construção de casas em territórios ocupados ou anexados por Israel desde 1967.

Para ela, a colonização dos territórios palestinos por Israel é o principal obstáculo a um processo de paz paralisado há anos.

O primeiro-ministro israelense, reeleito nas eleições parlamentares de março, havia prometido durante sua campanha prosseguir com a colonização e enterrar a ideia de um Estado palestino coexistindo com Israel, antes de voltar atrás destas observações após as eleições.

Mas o novo governo de Netanyahu, que tomou posse em meados de maio, tem alegrado os nacionalistas, ultra-ortodoxos e simpatizantes da colonização.

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