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Protestos contra governo completam um mês no Iraque

AHMED JADALLAH / REUTERS
Imagem: AHMED JADALLAH / REUTERS

Da AFP

05/11/2019 13h07

O movimento de protestos contra o governo iraquiano iniciado em 1º de outubro continua, apesar da repressão e da morte de cerca de 270 pessoas, a maioria manifestantes.

Reveja abaixo as principais etapas do movimento:

- Redes sociais - Em 1º de outubro, mais de mil manifestantes se reuniram em Bagdá e em várias cidades do Sul para protestar contra a corrupção, o desemprego e a decadência dos serviços públicos.

As manifestações foram convocadas a partir das redes sociais e dispersadas com jatos d'água, gás lacrimogêneo e balas de borracha. Mais tarde, foram ouvidos tiros na capital.

No dia seguinte, as autoridades fecharam a Zona Verde de Bagdá, onde se encontram as principais instituições do país e a embaixada dos Estados Unidos. Foi decretado toque de recolher na capital e em diversas cidades do Sul.

- Batalha campal -Em 3 de outubro, em Bagdá, os blindados das forças especiais entraram em ação para repelir a multidão. As forças de segurança atiraram para o chão, mas as balas atingiram os manifestantes.

A Internet foi cortada em grande parte do país.

As forças de segurança acusaram "franco-atiradores não identificados" de terem atirado nos manifestantes e em policiais em Bagdá.

O influente líder xiita Moqtada Sadr, que solicitou a seus apoiadores que organizassem "protestos pacíficos" (do inglês "sit-in"), pediu ao governo que renunciasse, assim como "eleições antecipadas sob a supervisão da ONU".

No dia 6, o governo anunciou medidas sociais, variando de assistência habitacional a subsídios para jovens desempregados.

- "Uso excessivo da força" -No dia 7, o Exército admitiu um "uso excessivo da força" durante os confrontos com manifestantes no bastião xiita de Sadr City, em Bagdá.

Dominada pelas milícias xiitas pró-iranianas e agora amplamente integrada às tropas regulares, a coalizão paramilitar Hashd al-Shaabi disse estar preparada para intervir, com o objetivo de evitar um "golpe de Estado, ou rebelião", se o governo ordenar.

No dia 22, uma comissão oficial de investigação registrou 157 mortes durante a semana de protestos, quase todos manifestantes, principalmente em Bagdá.

A ONU acusou as forças de segurança de terem "feito um uso excesso da força contra os manifestantes".

- "Queda do regime" -No dia 24 à noite, as manifestações pedindo a "queda do regime" foram retomadas, na véspera do primeiro aniversário da posse do governo de Abel Abdel Mahdi.

Em 48 horas, pelo menos 63 pessoas morreram, a maioria no sul, onde manifestantes atacaram e até incendiaram as sedes de partidos, de grupos armados e gabinetes de funcionários de alto escalão, segundo a Comissão dos Direitos Humanos do governo.

No dia 26, a ONU acusou "entidades armadas" de quererem "sabotar manifestações pacíficas".

Os deputados de Moqtada Sadr anunciaram um protesto por tempo indeterminado no Parlamento, unindo-se à oposição.

No dia 28, milhares de estudantes invadiram as ruas de Bagdá e de várias cidades do Sul. Sindicatos de professores e advogados anunciaram greves.

Durante a noite, milhares de iraquianos desafiaram o toque de recolher imposto pelo Exército em Bagdá.

Segundo a Comissão de Direitos Humanos, pelo menos 100 pessoas morreram em uma semana.

- Contra qualquer interferência -Em 30 de outubro, o guia supremo do Irã, Ali Khamenei, chamou "aqueles que se sentem preocupados" para "responderem à insegurança".

O líder dos paramilitares de Hashd al-Shaabi no Parlamento, Hadi al Ameri, insistiu em sua proposta de "trabalhar com" Moqtada Sadr para substituir Abel Abdel Mahdi.

No dia seguinte, o presidente Barham Saleh prometeu eleições antecipadas após uma nova lei eleitoral. Ele disse ainda que o primeiro-ministro estava disposto a renunciar, caso encontrasse algum substituto.

Em 1º de novembro, a autoridade máxima xiita no Iraque, o grande aiatolá Ali Sistani, alertou contra qualquer interferência estrangeira.

- Disparos -Em 3 de novembro, a greve geral paralisou escolas e prédios públicos da capital e do Sul.

À noite, quatro manifestantes foram mortos, quando tentavam atear fogo à representação diplomática do Irã em Kerbala.

No dia 4, houve confrontos em Bagdá entre a polícia e os manifestantes. As forças de segurança dispararam contra a multidão que avançava em direção à sede da televisão pública.