Guedes diz que Brasil não tem 'qualquer problema' com novo presidente argentino
Washington, 27 Nov 2019 (AFP) — O Brasil não tem "qualquer problema" com o presidente eleito da Argentina, garantiu nesta terça-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao ser consultado sobre o Mercosul em palestra realizada em Washington.
Guedes e o presidente Jair Bolsonaro haviam advertido que uma vitória do peronista Alberto Fernández nas eleições presidenciais da Argentina colocaria em risco o acordo vigente desde 1991, porque ameaçaria a continuidade das políticas de livre mercado do atual presidente argentino, Mauricio Macri.
Mas um dia depois de o próprio chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, insistir na possibilidade de o Brasil abandonar o Mercosul, Guedes descartou que a futura administração peronista seja um problema, sempre e quando o novo governo argentino compartilhar a aposta de abertura do bloco para outros mercados.
Consultado em Washington sobre o futuro do Mercosul após a assinatura do histórico acordo com a União Europeia (UE) ao final de 20 anos de árduas negociações, Guedes se disse otimista com a rápida ratificação, por todas as partes, incluindo a Argentina.
O Mercosul "é muito importante para nós". "Estamos buscando bases mais altas, esperamos que venham conosco e com a UE", disse Guedes durante conferência no Peterson Institute for International Economics (PIIE), em Washington.
"Minha expectativa é que nos sigam, é o razoável. Deveriam fazê-lo. É importante para eles (...) Perderam, como nós, 10, 20 anos com uma economia fechada".
"Eu não tenho qualquer problema com o novo presidente da Argentina, na medida em que estejamos buscando bases mais altas juntos, não haverá qualquer problema".
Fernández assumirá a presidência da Argentina no dia 10 de dezembro, ao lado de sua companheira de chapa, a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015), conhecida por suas políticas protecionistas de esquerda.
Na véspera, em declarações ao jornal Valor Econômico, Araújo admitiu que a saída do Brasil do bloco era um cenário possível.
"Aparentemente, há na Argentina uma visão profunda que vai contra os postulados básicos do Mercosul. Na nossa transição [de governo], no fim do ano passado, houve dúvidas sobre a utilidade do Bloco. Apostamos no Mercosul e isso vinha dando certo com a Argentina do Macri", afirmou Araújo.
"Não podemos dizer que é um projeto inquestionável, que vai durar para sempre, aconteça o que acontecer. O Mercosul não é apenas um nome, uma bandeira hasteada. Se o projeto é desvirtuado, precisa ser repensado".
No Twitter, a assessora econômica de Fernández, Paula Español, declarou que "firmar acordos apenas para dar 'sinais ao mundo', sem contemplar impactos em matéria de desenvolvimento, como buscou a atual administração no caso da União Europeia-Mercosul, não é o caminho".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.