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Mississippi vota a favor da retirada de símbolo confederado de sua bandeira

Bandeira do Mississippi, em Jackson  - Rory Doyle / AFP
Bandeira do Mississippi, em Jackson Imagem: Rory Doyle / AFP

29/06/2020 05h59

Os legisladores do Mississippi votaram ontem a favor de eliminar o símbolo confederado da bandeira do estado do sul dos Estados Unidos, após semanas de protestos contra o racismo em todo o país.

O Senado estadual se pronunciou a favor com 37 votos contra 14, algumas horas depois da Câmara de Representantes ter aprovado por 91 a 23 o projeto de lei que contempla retirar da bandeira do Mississippi o emblema da Confederação, considerado um símbolo do legado racial dos Estados Unidos.

O senador democrata John Horhn disse que a bandeira não resolveria os efeitos do passado racista do país. "No entanto, é um grande passo no caminho que estamos dando para reconhecer a humanidade e a autoestima que Deus nos deu", destacou.

O candidato à presidência democrata, Joe Biden, tuitou que "o arco do universo moral hoje se inclinou um pouco mais", em referência à famosa frase de Martin Luther King Jr., que afirmou que o arco do universo moral é longo, mas se inclina para a justiça.

Com um longo passado segregacionista, o Mississippi é o último estado da União a adotar estes símbolos em sua bandeira, depois que a Geórgia os eliminou de seu panteão em 2003.

A cruz azul na diagonal, demarcada por pequenas estrelas brancas com um fundo vermelho representou os estados do sul, contrários à abolição da escravatura, durante a Guerra Civil americana (1861-1865).

O texto aprovado prevê que uma comissão de nove membros desenhe uma nova bandeira sem o símbolo contestado, e que inclua a frase "In God, We Trust" (Confiamos em Deus), para ser submetida a um referendo em novembro.

Se a cidadania rejeitar o novo desenho, o Mississipi ficará sem bandeira até que uma nova seja aprovada.

"Esta é a oportunidade de encontrarmos uma bandeira que unifique todos os habitantes do Mississipi, e é isso que vamos fazer", disse o presidente republicano da Câmara de Representantes, Philip Gunn, aos legisladores, segundo o jornal Clarion Ledger.

A bandeira faz parte, assim como as estátuas dos generais confederados ou líderes escravagistas, dos símbolos questionados no âmbito das grandes manifestações antirracistas que sacodem os Estados Unidos há um mês, após a morte em 25 de maio do afro-americano George Floyd por um policial branco.

Em 2001, o Mississipi votou para manter a bandeira atual, aclamada por seus defensores como um símbolo orgulhoso do patrimônio e da história do sul do país.

O governador Tate Reeves, que tinha tentado evitar o debate, disse no sábado que sancionaria o projeto de lei uma vez que fosse aprovado. Mas advertiu que trocar a bandeira não acabará com o racismo, nem com as divisões no estado.

Unir o estado, escreveu em sua conta no Twitter, "será mais difícil do que se recuperar dos tornados, mais difícil do que as inundações históricas... Inclusive mais difícil do que lutar contra o coronavírus".