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"Não considero um golpe", diz ministro do governo Bolsonaro sobre 1964

27.mar.2019 - Chanceler Ernesto Araújo durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara - Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
27.mar.2019 - Chanceler Ernesto Araújo durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara Imagem: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Renato Onofre

Brasília

27/03/2019 13h44

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou hoje na Comissão de Relações Exteriores e Defesa da Câmara dos Deputados que a intervenção militar de 1964 não foi um golpe.

Durante a audiência, o ministro afirmou que a defesa da democracia é fundamental, mas se negou a responder se o país viveu uma ditadura militar entre 1964 e 1985.

Não considero (a intervenção militar) um golpe. Considero que foi um movimento necessário para que o país não virasse uma ditadura. Não tenho a menor dúvida em relação a isso

Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores

Questionado pelo deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) se o período posterior à intervenção em que os militares estiveram no poder - de 1964 a 1985 - poderia ser considerado uma ditadura, o ministro não respondeu.

O jornal O Estado de S. Paulo mostrou no domingo que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) orientou os quartéis a comemorarem a "data histórica" do aniversário do dia 31 de março de 1964, quando um golpe militar derrubou o governo João Goulart e iniciou um regime ditatorial que durou 21 anos. Generais da reserva que integram o primeiro escalão do Executivo, porém, pediram cautela.

Na segunda-feira (25), o porta-voz Otávio do Rêgo Barros afirmou que Bolsonaro determinou "comemorações devidas" em relação ao aniversário do golpe.

Em um governo que reúne o maior número de militares na Esplanada dos Ministérios desde o período da ditadura (1964-1985) - o que já gerou insatisfação de parlamentares -, a comemoração da data deixou de ser uma agenda "proibida". Ainda que sem um decreto ou portaria para formalizá-la, a efeméride volta ao calendário de comemorações das Forças Armadas após oito anos.

A determinação do presidente Jair Bolsonaro gerou repúdio de órgãos ligados à defesa dos direitos do cidadão e medidas para barrar os eventos na Justiça. Nesta terça, a Defensoria Pública da União anunciou que ajuizará ação civil pública para impedir que o 31 de Março, data de início do movimento golpista, seja comemorado nas unidades militares.