Volta triunfal de Trump põe Brasil na montanha-russa
A vitória acachapante de Donald Trump na eleição americana fará com que o republicano volte mais poderoso à Casa Branca e deixará o mundo submetido às turbulências que ele promete causar, na economia e na política. No Brasil, a eleição de Trump renova as esperanças de uma volta por cima comparável de seu aliado Jair Bolsonaro.
O tema é um dos destaques do episódio desta semana do A Hora, podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo, disponível nas principais plataformas. Ouça aqui.
Trump promete perdoar a si mesmo pelos crimes pelos quais foi condenado (o presidente americano tem poder para isso) e anistiar quem invadiu o Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
O ato, se efetivado, abriria caminho para algo análogo no Brasil, isto é, uma anistia aos condenados pelo 8 de janeiro e ao próprio ex-presidente brasileiro, hoje inelegível.
Bolsonaristas querem crer que a aliança com o presidente mais poderoso do mundo aumenta a pressão sobre a classe política e sobretudo sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal.
Mas se Trump guia os passos de Bolsonaro, ele também oferece um manual à oposição ao bolsonarismo, que antevê nos EUA dois anos antes o que pode acontecer no Brasil.
Alguns efeitos do retorno de Trump são, contudo, imediatos.
A serem cumpridas as promessas de campanha do republicano, o fluxo econômico global mudará. Se taxar produtos importados, o presidente eleito americano contratará uma inflação que fatalmente será controlada pelo aumento da taxa básica de juros.
Investidores internacionais devem reagir e drenar recursos para os EUA para se beneficiarem de seus altos rendimentos, tirando capital de países como o Brasil e desvalorizando moedas como o real.
Com a alta do dólar, os preços no Brasil também sobem, pois quase um terço dos produtos brasileiros são indexados à moeda americana. Daí que a inflação no país também tende a acelerar e os juros serão elevados em resposta.
A pressão sobre o presidente Lula para apertar o controle fiscal, cortar gastos e seguir a cartilha da austeridade já aumentou, antes mesmo de acabar a contagem de votos nos EUA.
Apoiador de Kamala Harris, Lula terá de lidar com um presidente americano que foi eleito depois de ser chamado de fascista por um ex-assessor e empolgou eleitores com um discurso polêmico.
Como diz James Green, professor de história moderna da América Latina na Universidade Brown, nos Estados Unidos, Trump convenceu uma parcela da sociedade que estava ansiosa com a ideia de que os EUA num futuro nada remoto deixará de ter maioria branca.
"As pessoas não se sentem à vontade para falar, adoram que Trump fale grosso, canaliza o ódio e a frustração delas."
Trump volta à Casa Branca legitimado pelo voto esmagador da população e com a experiência do mandato anterior.
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