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Jovem autista é pré-candidata à prefeitura de Roma

Chiara Ferraro é uma das candidatas das primárias do centro-esquerdista Partido Democrático  - Reprodução/Facebook
Chiara Ferraro é uma das candidatas das primárias do centro-esquerdista Partido Democrático Imagem: Reprodução/Facebook

06/03/2016 15h31

Uma jovem autista de 25 anos Chiara Ferraro é uma das candidatas das primárias do centro-esquerdista Partido Democrático (PD), liderado pelo primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, para a Prefeitura de Roma. 

A votação para escolher o postulante da legenda na disputa pelo comando da capital e maior cidade do país acontece neste domingo (6) e reúne seis nomes, incluindo o vice-presidente da Câmara dos Deputados, um ambientalista, um general e um ex-senador. No entanto, o grande destaque é Chiara Ferraro, diagnosticada com autismo, transtorno neurológico que compromete as habilidades de interação social da pessoa.   

Tecnicamente, ela não poderia concorrer nas primárias da centro-esquerda porque tinha apenas mil assinaturas em seu apoio (as normas do PD exigem pelo menos 2,5 mil), mas o partido decidiu permitir a candidatura pelo seu "valor simbólico" e para dar voz aos autistas. Em 2013, Ferraro já havia tentado uma vaga de vereadora na capital, mas sem sucesso.   

"Minha filha é uma garota com uma doença grave e não poderá nunca se curar, mas não é por isso que devemos nos esconder. As instituições não podem nos rejeitar, isso que aconteceu foi um passo de grande civilidade", declarou Maurizio, pai da jovem.   

Contudo, a ideia não agradou a todos. Gianluca Nicoletti, editorialista do jornal "La Stampa", publicou no mês passado um artigo criticando duramente a candidatura da jovem, com o argumento de que se trata de uma "escamotagem propagandística".   

"Só serve para alimentar uma visão irreal do autismo, além de confirmar a vontade institucional de privilegiar o espetáculo em relação à substância", escreveu o jornalista, que tem um filho autista e um site sobre a patologia.   

Ferraro concorre com outros cinco candidatos: o vice-presidente da Câmara dos Deputados Roberto Giachetti, 54 anos; o escritor e ambientalista Gianfranco Mascia, 54; o deputado Roberto Morassut, 52; o ex-senador Stefano Pedica, 58; e o subsecretário de Estado do Ministério da Defesa, general Domenico Rossi, 64.   

Atualmente, Roma é comandada interinamente por um comissário nomeado pelo governo Renzi, Francesco Paolo Tronca, após a queda do prefeito Ignazio Marino, derrubado no fim de 2015 por uma manobra do seu próprio partido, o PD. O escolhido da legenda desafiará o candidato da centro-direita, Guido Bertolaso, apoiado por Silvio Berlusconi e - um pouco a contragosto - pela extremista Liga Norte, e o nome do Movimento 5 Estrelas (M5S), ainda não definido.   

O PD também faz neste domingo primárias em mais cinco cidades italianas: Nápoles, Trieste, Bolzano, Benevento e Grosseto.   

Garantir a Prefeitura dos principais municípios do país é essencial para o projeto de poder de Matteo Renzi, já que um mau resultado nas urnas poderia ressuscitar as críticas sobre a legitimidade de seu governo, que não foi eleito pelo povo.