Rainha Elizabeth 2ª tem encontro histórico com ex-líder do IRA
A rainha Elizabeth 2ª protagonizou nesta quarta-feira, em visita à Irlanda do Norte, um momento histórico e inimaginável décadas atrás na Grã-Bretanha ao apertar a mão de Martin McGuinness, ex-líder do grupo guerrilheiro IRA, hoje vice-primeiro-ministro da Irlanda do Norte e responsável por um atentado que matou um primo da monarca.
O cumprimento representou uma nova fase da reconciliação entre a Inglaterra e a Irlanda do Norte, anos após uma fase de violentos embates entre católicos e protestantes que durou 30 anos e deixou mais de 3 mil mortos.
McGuinness era o número dois na linha de comando do IRA (Exército Revolucionário Irlandês) no dia conhecido como "Bloody Sunday" ("Domingo Sangrento"), nos anos 1970, quando tropas do Exército Britânico atiraram contra manifestantes e ativistas da Irlanda do Norte, resultando em 14 mortes.
Anos depois, no fim da década de 1990, ele foi um dos negociadores-chefe do acordo de paz entre as diferentes forças políticas locais assim como entre a Irlanda do Norte e o governo britânico.
Conhecido como "Good Friday Agreement" ("Acordo de Sexta-feira Santa"), o pacto de paz de 1988 foi considerado um dos primeiros marcos políticos da administração do ex-premiê britânico Tony Blair.
Contradições
Para o analista da BBC Mark Simpson o encontro da rainha com o ex-guerrilheiro tem importância histórica muito relevante e é um dos pontos máximos de uma lista de eventos inimagináveis anos atrás.
Ele cita a coalizão de governo atualmente no poder na Irlanda do Norte, unindo Peter Robinson como primeiro-ministro e Martin McGuiness como seu vice, ex-inimigos políticos que agora governam o país.
Além disso, Simpson chama atenção para algumas contradições.
McGuiness é um republicano nascido em Derry, reduto dos movimentos contrários à dominação britânica. Elizabeth 2ª representa a expressão máxima do status-quo da Grã-Bretanha, nascida no Palácio de Buckingham.
Outro ponto impactante é o fato de que um atentado organizado pelo IRA matou Lord Mountbatten, primo da monarca, em 1979.
Embora o momento presente seja um símbolo da nova fase na política da Irlanda do Norte e na relação entre as duas nações, que ao lado da Escócia e do País de Gales formam o Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte, ainda há "feridas" importantes a serem cicatrizadas.
O legado dos 30 anos de violência ainda inclui centenas de assassinatos sem investigação jurídica, desaparecimentos, segredos de ambos os lados (católicos e protestantes, republicanos que defendiam a independência irlandesa e unionistas, que preferiam pertencer ao Reino Unido) e idéias diferentes sobre como lidar com o passado.
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