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'Precisamos nos esconder em teatro', diz brasileira em Munique

Felipe Souza e Néli Pereira

Em São Paulo

22/07/2016 18h45

A tradutora brasileira Andrea Sipolo, de 35 anos, passeava com amigos pelo centro de Munique no momento em que o tiroteio no shopping Olympia, no bairro de Moosach, espalhou o pânico pela cidade.

Ela conta que se abrigou dentro do prédio do Teatro Nacional, sede da Ópera de Munique. Até a publicação desta reportagem, ela ainda não havia saído de lá - a polícia recomendou que as pessoas ficassem onde estão, ou seja, não saíssem às ruas.

"Vimos algumas pessoas correndo e a gente começou a correr para o mesmo lado que elas. Estávamos perto da ópera, e havia muitas pessoas falando: 'Entrem aqui'. Nós entramos e ficamos aqui numa sala. Num dado momento, a gente ouviu uns gritos lá de fora. Ficamos nervosos, mas, segundo eles, era apenas uma pessoa que entrou em pânico", diz Andrea, que mora na cidade.

De acordo com a polícia local, os responsáveis pelo tiroteio no centro comercial, que deixou mortos, ainda estão foragidos e por isso a recomendação é que as ruas estejam livres.

Os serviços de trens, bondes e linhas de ônibus da cidade foram suspensos, e a principal estação de trem foi evacuada - por isso, pessoas como a brasileira enfrentavam dificuldades para ir para casa.

"Nós estamos aqui dentro do teatro. Ficamos nervosos e fomos para outra sala porque a gente queria ficar longe das portas. Não há policiais aqui dentro", relatou.

A engenheira de produção mineira Anneliese Strauß, que mora em Munique há dois anos, diz que o sentimento é inédito.

22.jul.2016 - A engenheira de produção mineira Anneliese Strauß mora em Munique há dois anos e disse que o sentimento de terror provocado pelos ataques na cidade é inédito - Anneliese Strauß/Arquivo pessoal - Anneliese Strauß/Arquivo pessoal
A mineira Anneliese mora em Munique há dois anos: sentimento inédito de terror
Imagem: Anneliese Strauß/Arquivo pessoal

"Estou experimentando esse momento de terror e insegurança, que não é algo comum em Munique. Estávamos em casa quando começamos a receber mensagens dos amigos falando sobre o ataque", disse ela à BBC Brasil.

Segundo ela, as pessoas estão preferindo seguir as recomendações da polícia.

"Acho que até os mais céticos estão preferindo ficar em casa. Todos os meus amigos já informaram que estão em casa ou abrigados em algum lugar. Uma amiga está na biblioteca, outra presa no trânsito. É uma situação diferente para a vida segura de Munique. Muita gente ainda está em choque", conta.