A ex-miss Universo venezuelana que se tornou personagem involuntária do debate entre Hillary e Trump
Entre promessas e acusações mútuas, um nome ganhou destaque durante o primeiro debate presidencial nos Estados Unidos entre Donald Trump e Hillary Clinton, na noite desta segunda-feira: Alicia Machado.
Sem querer, a ex-Miss Universo venezuelana naturalizada americana foi tragada para o centro da discussão entre os principais candidatos que disputarão a Casa Branca na eleição do próximo dia 8 de novembro.
O nome de Alicia foi mencionado quase no fim do debate, que aconteceu na Universidade Hofstra, em Nova York. E talvez por causa disso seu impacto foi maior do que o esperado.
Ao criticar a atitude do candidato republicano em relação às mulheres, Hillary disse:
"Uma das piores coisas que você já disse foi sobre uma mulher num concurso de beleza. Você a chamou de 'Miss Piggy' (em alusão à personagem homônima da série Muppets). Então a chamou de 'Miss Empregada Doméstica' porque ela é natural da América Latina", afirmou a ex-secretário de Estado americana.
"Donald, ela tem nome. Seu nome é Alicia Machado. E ela é cidadã americana e pode apostar que ela vai votar em novembro."
Pesadelo
Alicia Machado foi coroada Miss Universo em 1996, ano em que Trump se tornou dono do famoso concurso de beleza.
A então esposa dele, Marla Maples coapresentou o evento.
E em seus primeiros meses de "reinado", Alicia, então com 19 anos, fez um amplo trabalho de publicidade gerando altos dividendos para a marca Miss Universo.
Mas o que prometia ser uma carreira de fama e glamour se tornou um pesadelo para a jovem venezuelana.
Alicia ganhou fama, e Trump não teve piedade dela.
Além de espalhar boatos de que lhe tomariam a coroa, o atual candidato republicano convocou a imprensa para que gravasse Alicia se exercitando em frente às câmeras.
Em uma gravação da época, Trump é visto dizendo: "Com o que ganhou de peso, percebe-se que ela gosta de comer".
'Miss Piggy'
Os ataques do empresário, que descreveu Alicia como "máquina de comer" no programa de rádio do controverso apresentador Howard Stern, teve um forte impacto na autoestima da jovem, que se sentia constrangida publicamente.
"Ele não é boa pessoa. É um valentão", disse Alicia em entrevista ao programa de TV Inside Edition em maio do ano passado.
"Ele me chamou de 'Miss Piggy', 'Miss Empregada Doméstica', me deixou muito triste, fiquei deprimida".
"Foi um circo, 'a Miss Universo gorda", uma brincadeira que causou muito sofrimento. Tive distúrbios alimentares, não comia, me via gorda", afirmou ela.
Alicia, que agora diz ter se recuperado, faz campanha para Hillary.
"Eu sou uma cidadã americana, por isso não tenho medo de falar o que falo", disse.
"Ele (Trump) não se dá conta do mal que faz", acrescentou.
"Não tem nem capacidade nem experiência nem preparação nem humanidade para ser presidente dos Estados Unidos", concluiu.
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