Crise política no Paraguai

Começa julgamento que pode levar a impeachment do presidente do Paraguai

Em Assunção

O julgamento político do presidente do Paraguai, Fernando Lugo, começou nesta quinta-feira (21) por volta das 18h15 locais (19h15 de Brasília) com a apresentação da acusação de cinco deputados que atuam como "promotores".

No plenário do Senado transformado em tribunal, o primeiro a expor as razões pelas quais Lugo deve ser cassado por "mau desempenho" de suas funções foi José López Chávez, do minoritário partidário Unace.

A intenção de julgar o presidente foi aprovada hoje pela Câmara dos Deputados, que responsabilizou Lugo pela morte de seis policiais e 11 sem-terra durante uma ação de reintegração de posse de uma fazenda de Curuguaty, no último dia 15, no nordeste do país.

Esse fato, assim como um ato político realizado por grupos de esquerda em uma dependência militar, o conflito entre sem-terras e grandes produtores agrícolas na região de Ñacunday, a onda de insegurança no país, e a aprovação do Protocolo de Ushuaia II pelo Mercosul, foram as razões esgrimidas contra Lugo.

Os "promotores" consideram que o governante incorreu em mau desempenho de suas funções ao permitir a realização de um comício político dos grupos de esquerda que integram a coalizão governamental entre os dias 6 e 10 de maio de 2009 na sede do Comando de Engenharias das Forças Armadas.

Esse foi um "ato de natureza netamente política" que foi aprovado pelo governo, declarou López Chávez.

O deputado liberal Jorge Ávalos teve a incumbência de apresentar a acusação contra Lugo sobre o conflito que envolve os sem-terras, que exigem ao Estado a entrega de uma fazenda, propriedade do brasileiro Tranquilo Favero - o maior produtor de soja individual do país.

"O único instigador de invasões de terras na região de Ñacunday é Fernando Lugo", que demonstra uma "conduta de cumplicidade", segundo Ávalos.

"Enquanto essas invasões aconteciam o presidente se mostrava de portas abertas aos líderes das invasões", ressaltou.

Já Carlos Liseras, do Partido Colorado, encaminhou a acusação sobre a onda de insegurança que afeta o país e lembrou os rumores da suposta vinculação do chefe de Estado com grupos que promovem o Exército do Povo Paraguaio (EPP), ao qual a procuradoria atribui sequestros e assassinatos de policiais.

O também "colorado" Clemente Barrios acusou o presidente de ter apoiado o Protocolo Ushuaia II do Mercosul, instaurado no dia 20 de dezembro de 2010 em Montevidéu, sem consentimento do Congresso.

"O protocolo Ushuaia II atenta contra a democracia e ampara alguns governantes que atualmente exercem o poder violentando os pilares de uma democracia", denunciou.

Finalmente, o deputado Óscar Tuma, também do Unace, apresentou as alegações sobre o massacre em Curuguaty e advertiu que foi uma emboscada contra as forças de segurança.

Os cinco "promotores" levaram apenas meia hora no total para apresentar sua acusação.

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