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Para especialista, oposição promove um "golpe disfarçado" contra Lugo no Paraguai

Fernando Lugo deixa palácio do governo após abertura de processo de seu impeachment - Jorge Romero/AFP
Fernando Lugo deixa palácio do governo após abertura de processo de seu impeachment Imagem: Jorge Romero/AFP

Fabiana Maranhão

Do UOL, em São Paulo

21/06/2012 17h05

O presidente Fernando Lugo, do Paraguai, está sofrendo um "golpe disfarçado". A opinião é do professor José Aparecido Rolon, do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Anhembi Morumbi, de São Paulo, que há dez anos estuda a política interna paraguaia. Nesta quinta-feira (21), a Câmara dos Deputados do Paraguai aprovou a abertura de um processo de impeachment contra o presidente.

A oposição, que é maioria tanto na Câmara como no Senado, responsabiliza o presidente pela morte de nove camponeses e oito policiais durante conflito agrário ocorrido na última sexta-feira (15) em Curuguaty, a 250 km de Assunção, próximo à fronteira com o Brasil.

Para Rolon, o conflito que ocorreu semana passada não pode ser considerado motivo para que se abra um processo de impeachment. "O que aconteceu no interior do país é lamentável, mas foi pontual. Não é algo que justifique a saída do presidente do poder".

O especialista acredita em golpe da oposição. "Grupos conservadores se aproveitam de qualquer evento para desestabilizar o governo. O que vejo é um golpe disfarçado".

Para José Aparecido Rolon, caso a maioria vote a favor da saída de Lugo do cargo, "será desastroso para o país". De acordo com ele, o Paraguai ainda vive um momento de transição política e de amadurecimento da democracia. Durante 35 anos, o país viveu sob a ditadura de Alfredo Stroessner que só chegou ao fim depois de um golpe militar em 1989.