Terceiro massacre contra xiitas paquistaneses em dois meses deixa 52 mortos

Islamabad, 4 mar (EFE).- O Paquistão viveu no domingo à noite o terceiro massacre contra xiitas em dois meses com um atentado com duas bombas na cidade meridional de Karachi, que deixou 52 mortos e cerca de 130 feridos, segundo a apuração feita nesta segunda-feira pela polícia.

O último massacre perpetrado contra fiéis desta corrente islâmica minoritária ontem no bairro de Abbas Town se soma aos dois ocorridos na cidade ocidental de Quetta desde o início do ano, com o resultado total de 250 mortos.

O novo ataque ocorreu por volta das 19h30 local (11h30, horário de Brasília) no bairro de Abbas Town e os mais 100kg de explosivos em uma motocicleta e um automóvel destroçaram dezenas de casas, segundo um responsável policial da zona, Mohammed Aslam.

As detonações ocorreram em um intervalo de cinco minutos na principal avenida do bairro justo entre dois blocos de apartamentos de quatro andares, que foram totalmente danificados pelas explosões.

Uma fonte do corpo de Bombeiros de Karachi, explicou nesta segunda-feira à Agência Efe que a localização do atentado, entre dois grandes edifícios, amplificou seu poder destrutivo e provocou incêndios em vários apartamentos.

Em um primeiro momento, falaram de 20 mortos, mas à medida que foram avançando os trabalhos de resgate, cresceu o número de vítimas entre a comunidade xiita, que no Paquistão reúne cerca de 20% da população do país.

O chefe provincial de polícia, Fayyaz Ahmed Leghari, afirmou ao jornal local "Express Tribune" que a segunda explosão foi tão intensa que teve um impacto de cerca de 700 metros e danificou cerca de 200 imóveis.

O relatório policial do ataque detalha, segundo o jornal "The News", que o carro-bomba foi ativado mediante um temporizador e que deixou uma cratera de mais de um metro de profundidade e três de largura.

Os relatos dos meios de imprensa locais mostram imagens após o atentado, e o "Express Tribune" fala em um "Apocalipses em Abbas Town" e que uma rua "parecia ter sido objeto de um bombardeio aéreo".

A coluna de fumaça e o barulho produzido pelas explosões puderam ser percebidos a quilômetros de distância, segundo diversos meios de imprensa.

O primeiro-ministro, Raja Pervez Ashraf, condenou o atentado e afirmou em comunicado que "os que apontam contra civis inocentes servem aos interesses de elementos contrários ao Estado e à sociedade".

Diversos bairros de Karachi amanheceram paralisados por causa da greve de três dias convocada por diversos grupos xiitas em protesto pelo novo massacre, enquanto porta-vozes dessa comunidade voltaram a elevar suas queixas pela não ação do Governo.

"É incompreensível que após os recentes ataques em Quetta, as forças de segurança não puderam prevenir outro atentado em Quetta", lamentou em declarações à Agência Efe o ex-senador e porta-voz da comunidade xiita, Fasieh Iqbal.

"É um fracasso claro do Executivo, que quer que sejam atrasadas as eleições e que não se importa que haja um clima de violência", acrescentou um membro da Assembleia Nacional, Nasir Ali Xá, pertencente à formação de Governo, o Partido Popular.

Os atentados de caráter sectário no Paquistão aumentaram no último ano dentro de um marco geral de recrudescimento da violência terrorista há alguns meses.

O bairro de Karachi atacado ontem foi palco, em novembro, de um atentado com bomba que matou três pessoas de confissão xiita.

As vítimas mortais em ataques contra xiitas neste ano já somam cerca de 50% do total acumulado no ano passado e segundo o Instituto Paquistanês de Estudos para a Paz, 537 pessoas - em sua maioria xiitas- morreram em 2012 por ataques contra minorias religiosas.

pmm/ff

(foto)

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