Coreia do Norte aceita dialogar com os EUA, mas "nunca" sobre seu programa nuclear
A Coreia do Norte se mostrou neste sábado (20) aberta a negociar com os Estados Unidos uma possível redução dos seus armamentos, mas negou a possibilidade de dialogar sobre o seu programa nuclear, segundo um editorial do jornal norte-coreano "Rodong Sinmun".
"Poderá haver conversas entre nós e os EUA com o objetivo de uma redução de armamentos, mas nunca haverá negociações pela desnuclearização", assinalou o principal jornal do país e porta-voz do regime comunista.
O editorial assegurou que a posição de Pyongyang é "clara": "Não sonhem com a desnuclearização da Península da Coreia enquanto não acontecer o mesmo no resto do mundo".
O periódico acusou os EUA de oferecerem diálogo a Pyongyang com a única intenção de desarmar o país, e apontou que a exigência da desnuclearização como passo prévio às negociações tem o objetivo principal de forçar a Coreia do Norte a se desfazer de suas armas nucleares e de seu poder militar.
Após várias semanas nas quais a Coreia do Norte ameaçou promover uma guerra nuclear contra Seul e Washington, nos últimos dias o regime de Kim Jong-un aludiu em várias ocasiões a um futuro diálogo, o que rebaixou a tensão na região.
O regime norte-coreano apresentou na quinta-feira (17) uma lista de condições para iniciar as eventuais negociações, incluindo a suspensão de manobras militares conjuntas de EUA e Coreia do Sul na Península da Coreia e a retirada das sanções da ONU por causa do terceiro teste nuclear da Coreia do Norte.
O Exército norte-coreano deu nesta terça-feira (16) (hora local) um "ultimato" ao vizinho do sul, prometendo lançar um ataque inesperado, caso as atividades hostis à Coreia do Norte continuem na península.
O alerta foi feito depois que manifestantes em Seul queimaram, na segunda-feira (15), imagens do fundador da Coreia do Norte, Kim Il-Sung, de seu filho, Kim Jong-Il, e de seu neto e atual líder do país, Kim Jong-Un.
O ato coincide com as festividades nacionais na Coreia do Norte pelo 101º aniversário do nascimento de Kim Il-Sung, uma data reverenciada como "O dia do sol".
"Todo o governo e o povo da DPRK (Coreia do Norte) estão fervilhando com um forte ressentimento por esse monstruoso ato criminoso", declarou o Comando Supremo do Exército, em nota divulgada pela agência oficial de notícias norte-coreana.
O arsenal norte-coreano
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A quantidade exata de armas nucleares na Coreia do Norte é uma incógnita, uma vez que o país não é signatário de tratados para controle de tecnologias para destruição em massa.
No entanto, estima-se que o arsenal do país inclui alguns foguetes que poderiam atingir não só Seul, mas capitais como Tóquio e até mesmo bases norte-americanas no Pacífico.
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A península coreana se encontra em uma escalada de tensão militar desde que o Norte realizou um teste nuclear em fevereiro de 2013.
Estimulada pelas recentes sanções da ONU e pelos exercícios militares conjuntos EUA-Coreia do Sul, Pyongyang tem lançado várias ameaças de ataques de míssil e de guerra nuclear, nas últimas semanas.
Em uma tentativa para diminuir a tensão, a presidente da Coreia do Sul, Park Geun-Hye, defendeu semana passada a necessidade de diálogo e de se "ouvir o que a Coreia do Norte pensa". Pyongyang rejeitou as propostas como um "truque ardiloso" de Seul para esconder suas intenções agressivas.