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Tsipras pede apoio ao Syriza para revalidar governo com "programa realista"

29/08/2015 09h13

Atenas, 29 ago (EFE).- O ex-primeiro ministro da Grécia, Alexis Tsipras, pediu neste sábado a seus correligionários do Syriza para apoiá-lo no caminho para revalidar o governo e dar sequência a um programa que seja "esquerdista, mas realista".

Tsipras abriu com um discurso a conferência nacional do partido, que tentará durante o fim de semana formular uma estratégia para as eleições antecipadas para o próximo dia 20 de setembro.

O evento, que reúne comitê central, agrupamentos regionais e deputados, pretende fazer uma análise de um governo que, para salvar a permanência da Grécia do euro e assinar o terceiro resgate, abandonou muitas de suas promessas políticas, provocando uma cisão interna.

Espera-se que sejam definidas, além disso, as situações dos deputados que se abstiveram no parlamento na votação sobre o resgate, posteriormente se somando aos "rebeldes" que não apoiaram o pacote e agora formavam um novo partido, a Unidade Popular.

Em seu discurso, Tsipras defendeu a assinatura do terceiro resgate financeiro como uma solução necessária para evitar o "suicídio coletivo" do país e garantir o nível de vida dos gregos.

"Poderíamos ter optado por não sujar as mãos ou fugir da realidade. Ou acreditar que fora da zona do euro poderíamos garantir o nível de vida das pessoas", disse Tsipras, acrescentando que preferiu encarar a situação, confrontar "nossas próprias debilidades" e "abrir novos caminhos".

Apesar de evitar ataques diretos, o ex-primeiro-ministro criticou os dissidentes do Syriza que criaram o novo partido contrário ao resgate, afirmando que eles atuaram de forma "hipócrita" e "escaparam da responsabilidade do governo".

Por outro lado, Tsipras rejeitou mais uma vez a possibilidade de uma aliança com os partidos da oposição Nova Democracia, To Potami e Pasok, com o argumento de que nenhum dos três tem real interesse em negociar com os credores.

O líder do Syriza disse que seu governo continuará batalhando nos temas que ainda ficaram pendentes no acordo, fazendo referência às negociações sobre os convênios coletivos, os cortes nos sistemas de pensões e a restruturação da dívida, todos assuntos cuja resolução condicionará os futuros desembolsos do resgate.

Tsipras prometeu continuar lutando contra a corrupção e a oligarquia que marcou os períodos anteriores, um sistema político que "levou o país à atual situação e só pode ser combatido com um governo de esquerda, com forte apoio popular".

"A questão é não entregar as armas e seguir em frente. Só olhamos para frente. Hoje, temos mais experiência. Somos mais maduros e temos mais determinação", disse, reconhecendo que o governo do Syriza cometeu erros, mas se apoia "firmemente na realidade".

Dessa forma, Tsipra se distanciou indiretamente do programa defendido pelo Syriza durante a última campanha eleitoral, que terminou com uma vitória arrasadora. Apesar disso, após sete meses do governo, quase não sobraram rastros do apoio popular e das estratégias anunciadas pelo grupo antes do pleito.

Essa "política de realidade", como descreveram muitos analistas sobre a mudança de rumo do Syriza após assumir o governo, assim como a fratura interna do partido, se transformam em uma clara queda de popularidade.

Se até julho o Syriza ainda atingia resultados similares aos das eleições gerais de janeiro (36,3%), e, sobretudo, conseguia uma vantagem de 15 pontos percentuais sobre a Nova Democracia, as atuais pesquisas apontam um apoio de no máximo 26%, apenas três pontos percentuais à frente do principal grupo de oposição.