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Voto de Maduro abre eleição da Assembleia Constituinte na Venezuela

Nicolás Maduro foi o primeiro a votar na Assembleia Constituinte venezuelana - AFP
Nicolás Maduro foi o primeiro a votar na Assembleia Constituinte venezuelana Imagem: AFP

30/07/2017 08h09

Com o voto do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi aberta neste domingo a eleição dos representantes da Assembleia Nacional Constituinte, um órgão que terá poderes ilimitados para promover reformas e mudar o ordenamento jurídico do país.

A chegada do presidente ao centro de votação foi transmitida ao vivo pela emissora estatal "VTV", com o slogan "primeiro voto pela paz". Maduro votou pouco depois das 6h locais (7h em Brasília), quando estava previsto a abertura das urnas em toda a Venezuela.

As eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, que não contam com a participação da oposição, ocorrem apesar da rejeição de grande parte dos setores sociais do país e da comunidade internacional. Protestos contra a medida iniciados em abril já deixaram 109 mortos, milhares de feridos e quase 5 mil presos.

"Quis ser o primeiro voto pela paz, pela soberania e pela independência da Venezuela. Hoje é um dia histórico", disse Maduro após votar, acompanhado de alguns observadores internacionais que foram convidados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

O segundo voto foi dado pela primeira-dama, Cilia Flores, também candidata à Assembleia Constituinte, também transmitido pela emissora "VTV", que depois exibiu imagens do início da votação em vários centros eleitorais no interior da Venezuela.

Maduro reiterou o pedido que os cidadãos votem com "fé, esperança e amor" para "buscar a reconciliação, a justiça, a verdade e superar os problemas que temos".

A oposição, por outro lado, que não participa do processo por considerá-lo fraudulento, convocou seus simpatizantes a bloquear as ruas de cidades dos 23 estados da Venezuela. A maior concentração vai ocorrer na estrada Francisco Fajardo, principal via de Caracas.

"Peço a Deus todas as bênçãos para que o povo possa exercer livremente seu direito democrático", afirmou hoje Maduro, citando o esquema montado pelo Conselho Nacional Eleitoral para enfrentar o que o órgão chama de "ameaça democrática".

A Assembleia Nacional Constituinte é criticada por vários governos, que pediram a Maduro para suspender a eleição. Um dos principais pontos questionados é a falta de um referendo prévio para autorizar o processo, um requisito adotado em 1999, quando a atual Carta Magna da Venezuela foi redigida e sancionada.

"Tomara que o mundo abra os olhos em relação à nossa amada Venezuela, desista de toda a campanha imperial que tem sido feita e estenda suas mãos", afirmou Maduro, que vê a Constituinte como um "superpoder que vai reencontrar o espírito nacional".

"Aqui estamos, um país em paz, exercendo seu direito ao voto", concluiu o presidente venezuelano.