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Coronavírus: "Não poderemos conter o vírus sem máscaras", diz diretor de hospital em Wuhan

Homem anda de bicicleta em Wuhan, na China - Hector RETAMAL / AFP
Homem anda de bicicleta em Wuhan, na China Imagem: Hector RETAMAL / AFP

Wuhan, China

12/04/2020 17h17

Especialistas que trabalham no hospital Leishenshan, construído em menos de duas semanas para combater o coronavírus na cidade de Wuhan, na China, onde surgiu a pandemia de Covid-19, defendem o uso obrigatório de máscaras como medida indispensável para conter a propagação do novo coronavírus.

"Não usá-las é estúpido", disse Wang Xinghuan, diretor do Hospital Zhongnan e chefe do Hospital Leishenshan, durante uma visita guiada de jornalistas às instalações realizada neste sábado.

De acordo com Wang, o uso das máscaras entre a população é "uma medida de proteção científica" e também serve para evitar que os profissionais da área da saúde sejam infectados.

"Se elas não forem usadas, a pandemia não poderá ser controlada", disse.

Wang explicou que as quarentenas impostas para impedir a propagação do vírus devem ser rigorosas, como a que ficou em vigor em Wuhan.

O médico ressaltou que "é necessário que sejam aplicados muitos testes para detectar pessoas enfermas e assintomáticas e definir aquelas que têm que ser isoladas fora de suas residências para não infectar familiares". Além disso, ele argumentou que pacientes curados de Covid-19 deveriam passar duas semanas em quarentena após receberem alta, por precaução.

Também presente à visita guiada, o vice-diretor do hospital Zhongnan e especialista em atendimentos de emergência, Zhao Yan, disse que o coronavírus e seus sintomas podem se manifestar "de forma diferente no Ocidente do que na China".

"A perda do olfato e do paladar, por exemplo, tem variado na Europa e nos Estados Unidos. Isso nos faz pensar que o vírus está em mutação. Precisamos de cooperação", frisou.

Berço da pandemia, Wuhan tem agora 44 casos suspeitos de infecção pelo coronavírus, segundo os últimos dados divulgados pela Comissão Nacional de Saúde da China. Entre sexta-feira e sábado, duas pessoas morreram, elevando o número total de óbitos na cidade para 2.577.

A ausência virtual de novos casos confirmados levou as autoridades locais a suspender as restrições aos moradores no dia 8 de abril, após um bloqueio de 11 semanas.

Wuhan conseguiu reverter a situação, entre outros fatores, graças à construção em tempo recorde de hospitais como o de Leishenshan, que começou a internar pacientes no dia 8 de fevereiro. A unidade tem capacidade para cerca de 1,5 mil leitos, mas apenas 14 pacientes permanecem lá. Assinaturas, agradecimentos e mensagens de incentivo escritas para os médicos durante os piores episódios da pandemia ainda estão em suas paredes.

Leishenshan foi o segundo hospital construído em poucos dias na China para o combate à Covid-19. O primeiro foi o de Huoshenshan, que, assim como ele, se tornou uma ferramenta do governo do país para mostrar força contra a propagação do coronavírus.