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Por 'traição à pátria', Nicarágua prende 6º candidato presidencial opositor

Líder estudantil Lesther Alemán também foi preso, assim como outros dirigentes camponeses - Reprodução/Twitter
Líder estudantil Lesther Alemán também foi preso, assim como outros dirigentes camponeses Imagem: Reprodução/Twitter

Em Manágua (Nicaraguá)

06/07/2021 16h08Atualizada em 06/07/2021 16h13

A polícia da Nicarágua disse hoje que o líder camponês Medardo Mairena, sexto candidato à presidência preso no contexto da recente onda de detenções de opositores, está sendo investigado por praticar atos que são considerados traição à pátria.

Pelas mesmas razões também foi preso o líder estudantil Lesther Alemán, que repreendeu o presidente Daniel Ortega durante o início de um fracassado diálogo nacional para superar a crise sócio-política local há três anos, segundo informou a polícia local em um comunicado de imprensa.

Junto com Mairena e Alemán, os dirigentes camponeses Pedro Mena e Freddy Navas, bem como o dirigente estudantil Max Jerez, foram presos ontem à noite, segundo a polícia, que não deu informações sobre o dirigente rural Pablo Morales, deputado suplente do oposicionista Partido Liberal Constitucionalista e que foi capturado junto com o candidato presidencial, de acordo com o Movimento Camponês.

A polícia nicaraguense detalhou que os líderes opositores detidos estão sendo investigados por suposta violação da "Lei de Defesa dos Direitos do Povo à Independência, Soberania e Autodeterminação para a Paz", cujos crimes são considerados traição à pátria.

No comunicado, a polícia identificou os camponeses como responsáveis pelo homicídio de quatro policiais em 2018, e os estudantes como executores de "roubo com intimidação (agressões), sequestros, lesões graves, estupros, extorsão, destruição e danos múltiplos, durante a tentativa fracassada de golpe", nesse mesmo ano.

Em 2019, os camponeses, que haviam recebido penas de mais de 200 anos de reclusão, assim como os estudantes, foram beneficiados pela Lei da Anistia, que beneficiou mais de 600 opositores, e gerou polêmica porque os acusados nunca reconheceram ter cometido crimes e atribuíram as denúncias à retaliação de Ortega contra os protestos antigovernamentais.

Os encarceramentos de líderes da oposição ocorrem no âmbito das eleições gerais de 7 de novembro, nas quais Ortega, que também governou entre 1979 e 1980, busca sua terceira reeleição consecutiva para um quarto mandato de cinco anos, e o segundo com sua esposa, Rosario Murillo, como vice-presidente.

No meio da corrida eleitoral, foram estabelecidas leis que restringem a nomeação para cargos políticos e financiamento externo, e dois partidos políticos de oposição foram destituídos de sua personalidade jurídica.

Desde 28 de maio, as autoridades nicaraguenses prenderam os candidatos presidenciais opositores Cristiana Chamorro, Arturo Cruz, Félix Maradiaga, Juan Sebastián Chamorro, Miguel Mora e Mairena, investigados também por suposta traição à pátria.

Também se somam aos capturados da noite passada dois ex-vice-chanceleres, dois ex-guerrilheiros sandinistas dissidentes, um líder empresarial, um banqueiro, uma ex-primeira-dama, cinco líderes da oposição, um jornalista, dois líderes estudantis, dois ex-trabalhadores de ONGs e um motorista de Cristiana Chamorro.