Venezuela tem novos protestos após prisão de 243 jovens; 1 policial morre
Policiais militares venezuelanos prenderam nesta quinta-feira centenas de jovens ativistas e desmontaram acampamentos de protesto contra o presidente Nicolás Maduro, e um policial foi morto a tiros nas manifestações e confrontos que se seguiram em torno de Caracas.
A incursão da Guarda Nacional Bolivariana começou na madrugada e desmontou quatro acampamentos mantidos por ativistas estudantis na capital do país durante três meses de protestos.
Depois da operação, centenas de manifestantes e moradores tomaram as ruas e montaram barricadas, uma tática comum ao longo dos meses de agitação popular. Os protestos haviam diminuído nas últimas semanas, mesmo se confrontos esporádicos continuavam.
Jovens mascarados atiraram pedras e coquetéis molotov, enquanto a polícia usou gás lacrimogêneo na sofisticada região leste de Caracas.
Um policial morreu de ferimentos de bala, disseram autoridades. Testemunhas contaram que os tiros foram disparados dos edifícios em direção às ruas.
"Um atirador matou o policial enquanto ele estava limpando os detritos deixados por estes manifestantes assassinos e violentos", disse um Maduro sombrio, durante discurso à nação. "Ele foi miseravelmente assassinado."
Tropas liberaram a região, onde estudantes de todo o país moraram temporariamente em tendas, cantando e tocando violão e exibindo cartazes com slogans contra o governo, tais como "Maduro, assassino".
"Estas detenções são irresponsáveis?, porque este é um protesto pacífico e não estamos tentando derrubar o governo", disse José Manuel Perez, de 22 anos, um líder estudantil. "Senhor presidente, pense no que está fazendo. Exigimos respeito aos alunos".
O governo afirmou que os soldados prenderam 243 pessoas em acampamentos que seriam as bases dos protestos violentos. Funcionários exibiram itens apreendidos nos locais, incluindo morteiros e coquetéis molotov.
Entre os detidos estavam uma mulher grávida e "aparentemente" um estrangeiro, disseram autoridades.
Os números oficiais mostram que durante os protestos de fevereiro e março 42 pessoas foram mortas e cerca de 800 ficaram feridas. Cerca de 3.000 pessoas foram presas desde fevereiro. Com as detenções desta quinta-feira, cerca de 450 pessoas ainda estão atrás das grades.
(Reportagem adicional de Carlos Rawlins e Jorge Silva, em Caracas)