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Trump tem que reconquistar voto das mulheres para reverter pesquisas

19/10/2020 11h09

Os últimos 45 dias não foram bons para o presidente Trump. A campanha do republicano arrecandou bem menos do que a campanha de Joe Biden, ele foi infectado pelo Covid, não teve um bom desempenho no debate e viu a vantagem de Biden aumentar. Por outro lado, Trump conseguiu igualar a disputa na Flórida, estado de importância ímpar, e viu as acusações sobre as ligações entre Hunter Biden, filho de Joe Biden com russos, chineses e ucranianos se tornar um assunto de intenso debate na mídia americana.

Um ponto crítico na estratégia de Trump nessas últimas semanas é recuperar o voto feminino em subúrbios metropolitanos de grandes cidades, principalmente nos estados onde ele precisa ganhar (Pensilvânia, Flórida, Geórgia etc). Em 2012, o percentual de mulheres brancas com diplomas universitários que votaram para republicanos e democratas era igual. Em 2016, o percentual aumentou para 60% a favor do Partido Democrata contra 40% para o Partido Republicano. Hoje, esse número está 70% para Democratas e 30% para os Republicanos.

Além das mulheres, Trump também precisa convencer homens com nível de educação alto, negros e latinos. Já Biden precisa transformar a perspectiva indicada nas pesquisas em realidade e dar respostas plausíveis para as acusações sobre seu filho.

Vitória de Biden

Numa média entre todas as pesquisas, o resultado hoje mostra uma vitória de Biden no Colégio Eleitoral com 279 votos (270 votos são necessários para a vitória). Trump possui 125 votos nessas estimativas. Florida, Ohio, Georgia, Carolina do Norte e Pennsylvania serão os estados que decidirão o vencedor. A Carolina do Norte e Georgia, por exemplo, votaram para o Partido Republicano em 9 das últimas 10 eleições.

O fato de Trump não liderar com um certo conforto nesses estados mostra que sua estratégia de campanha não foi das melhores. O presidente sabe que sua estratégia deve se voltar para angariar votos que não se alinharam automaticamente à sua narrativa. Para isso, seu discurso precisa mudar e se tornar mais amigável ao eleitor indeciso, que não estaria com Biden se não discordasse da narrativa vigente do presidente.

Biden precisa estimular o eleitor a votar, seja pessoalmente, seja pelo correio. Atualmente, 15 milhões de votos já foram enviados pelo correio, um número recorde. Mesmo assim, a presença física precisa ser relevante, senão as pesquisas otimistas para Biden não se materializarão.

Ausência de segundo debate prejudicou Trump

A ausência de um segundo debate prejudicou mais Trump do que Biden. Mesmo que a performance no primeiro debate não tenha sido boa, o republicano precisa convencer o eleitorado indeciso e nada melhor do que um debate para isso.

As entrevistas simultâneas em canais distintos tendem a pregar para o convertido, sem gerar uma mudança estrutural no posicionamento do eleitor indeciso em relação ao voto. Se Trump quiser realmente ir para o tudo ou nada, melhor arriscar um debate (mesmo que virtual) do que falar para uma audiência que já está alinhada com ele desde o primeiro dia.

Pesquisas são fotos do dia e essas fotos estão mudando várias vezes por dia. Mesmo com uma ampla vantagem, é impossível cravar uma vitória. Existe uma volatilidade muito grande nos novos fatos que surgem a cada dia, nos acertos e equívocos dos dois candidatos e na incerteza da presença do eleitor democrata em votar. Isso faz com que Trump esteja mais vivo que nunca e a eleição estará em aberto até o fechamento das urnas.