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Quem é o ideólogo por trás do líder chinês Xi Jinping

Wang Huning, um nome pouco conhecido no Ocidente, é apontado como o principal ideólogo do Partido Comunista Chinês e ghostwriter dos três últimos líderes do país, incluindo o atual presidente Xi Jinping. Trata-se de um intelectual cuja trajetória e influência merecem atenção especial para quem deseja entender o pensamento político chinês contemporâneo.

O tema é um dos destaques do episódio desta semana do A Hora, podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo, disponível nas principais plataformas. Ouça aqui.

"Ele é um personagem de livro, de literatura, porque ele era um acadêmico chinês, dava aula em uma das principais universidades chinesas", explica José Roberto de Toledo ao apresentar Wang Huning. Especializado na história da ciência política ocidental, Wang viajou para os Estados Unidos entre o final dos anos 1980 e início dos 1990, onde permaneceu por seis meses como professor convidado.

Ao contrário de muitos intelectuais que retornam de temporadas no exterior adotando ideias estrangeiras, Wang voltou à China e escreveu "America Against America" (América Contra Ela Própria), uma crítica contundente ao "liberalismo exacerbado nos Estados Unidos" e ao que ele chamou de "decadência moral" da sociedade americana.

Após essa experiência, Wang abandonou a academia e ingressou na burocracia do Partido Comunista Chinês, onde teve uma ascensão meteórica. "Ele acaba sendo nomeado para o comitê permanente do Politburo, que são os sete que mandam na China: o Xi Jinping mais seis. Ele é um dos seis", destaca Toledo, evidenciando a importância deste personagem na estrutura de poder chinesa.

Segundo Kerry Brown, estudioso britânico citado por Toledo, Wang é responsável pela prevalência do "neoconservadorismo ou do neoautoritarismo chinês" na ideologia do Partido Comunista. Esta visão defende a cultura chinesa contra a influência ocidental, principalmente americana, e reforça a predominância do Partido Único, do Partido Comunista, centralismo democrático, unidade na luta.

Toledo ressalta a importância de compreender figuras como Wang em um contexto de crescente influência global chinesa: "Enquanto o Trump e o Elon Musk gritam nas redes sociais, o Wang Huning sussurra no ouvido do imperador, que por enquanto é da China, mas sabe-se lá do imperador do que será."

A influência de Wang Huning representa um contraponto ideológico aos valores ocidentais e ajuda a explicar a resistência chinesa à americanização, mesmo em tempos de intensa globalização econômica. Seu papel como arquiteto intelectual das políticas de Xi Jinping o torna uma figura essencial para compreender a China contemporânea e suas ambições geopolíticas.

Podcast A Hora, com José Roberto de Toledo e Thais Bilenky

A Hora é o podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube. Na TV, é exibido às 16h. O Canal UOL está disponível na Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64) e no UOL Play.

Escute a íntegra nos principais players de podcast, como o Spotify e o Apple Podcasts já na sexta-feira pela manhã. À tarde, a íntegra do programa também estará disponível no formato videocast no YouTube. O conteúdo dará origem também a uma newsletter, enviada aos sábados.

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9 comentários

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Sandra Regina Zarpelon

Somente um britânico eurocêntrico chamaria a política na China de neoautoritarismo ou neoconservadorismo. O Ocidente faz análises muito rasas sobre o sistema político chinês. Centralismo democrático não é nem autoritário nem conservador. China é sinônimo de resistência ao imperialismo ocidental, principalmente norte americano 

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Paulo Haroldo Ribeiro

Um país comunista necessariamente centraliza a economia no Estado e suprime a iniciativa particular, retirando qualquer possibilidade de propriedade privada. O Estado então provê tudo, o que na prática significa quase nada. Não é o que acontece na China há algumas décadas, desde que o país abandonou o comunismo e adotou o capitalismo, fornecendo o mundo todo com produtos de consumo mais baratos. Manteve apenas o nome "comunista", que combina bem com a rígida ditadura que governa o país. Nem sequer adotam o que se chamava antigamente de "capitalismo de Estado". É puramente capitalismo, mas sem o liberalismo de mercado que impera na maior parte do Ocidente. Lá você pode abrir uma empresa, mesmo se for estrangeiro, ao contrário de Cuba, mas deve seguir as regras do governo "comunista". Portanto a China é um país com uma ditadura que politicamente se associa ao comunismo, mas economicamente é capitalista. 

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Elismar Bezerra Arruda

A China é, sim, comunista - porque comunismo não é uma cartilha com um monte de dogmas: é um movimento que decorre da negação do capitalismo, na persepctiva da construção do Homem e da Sociedade novos! Atribuir a uma figura, por inteligente, estudioso etc., que seja, é muito simplismo - o Partido Comunista Chinês é uma Escola de Grandes intelectuais, que não se restringem aos que estão nos cargos superiores da direção do Estado e do Governo!

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