Indiciado pela PF, deputado diz que se vacinou: 'Não houve fraude'
Um dos indiciados pela Polícia Federal sob acusação de inserção de dados falsos nos sistemas de vacinação, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) afirmou em nota nesta quarta-feira (20) que recebeu as quatro doses do imunizante contra a covid-19 e que, portanto, não houve fraude nos dados de sua carteira de vacinação.
Em nota, a defesa do deputado afirma que "não faz sentido falar em fraude visto que o deputado fez campanha pela vacina, acredita na eficácia da vacina e até mesmo divulgou em suas redes sociais quando recebeu as doses do imunizante".
A alegação de fraude é absolutamente descolada da realidade, tendo em vista que o deputado Gutemberg divulgou incansavelmente em suas redes sociais, durante o período da pandemia, seu firme posicionamento em favor da ampla vacinação contra a covid-19 e registrou, em fotos e vídeos, quando recebeu as doses dos imunizantes
Flávia Guth, advogada do deputado Gutemberg Reis
De acordo com a defesa, Gutemberg recebeu as quatro doses na Unidade Pré-Hospitalar Xerém, em Duque de Caxias (RJ), sendo as duas primeiras do laboratório Janssen e duas doses de reforço da Pfizer. A data de uma das doses foi registrada em seu cartão físico de vacinação como fevereiro de 2021, mas a defesa aponta um erro material de redação por parte do técnico vacinador, já que naquele período ainda não havia imunizantes disponíveis para a faixa etária do parlamentar (à época com 42 anos).
Os primeiros lotes de vacina da Janssen só chegaram ao Brasil em junho de 2021.
Na nota, a defesa afirma que Gutemberg até mesmo divulgou em suas redes sociais quando compareceu ao posto de saúde para se imunizar e foi um dos políticos que fizeram campanha pela compra das vacinas contra a covid-19, durante o governo de Jair Bolsonaro.
Investigação concluída
A PF apresentou na terça-feira (19) o relatório final da apuração sobre fraudes em certificados de vacina e indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outras 15 pessoas por crimes como inserção de dados falsos e associação criminosa.
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes enviou o relatório ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, a quem cabe avaliar se há provas suficientes para apresentar denúncia contra os personagens indiciados. Gonet também pode pedir novas diligências para aprofundar algum detalhe ou arquivar o caso.
Moraes deu um prazo de 15 dias para uma manifestação do procurador-geral, mas ele também pode requisitar mais tempo para sua análise.
A defesa de Bolsonaro tem negado as acusações de que ele solicitou os certificados falsos de vacina e criticou a divulgação do relatório final da PF. "É lamentável quando a autoridade usa a imprensa para comunicar ato formal que logicamente deveria ter revestimento técnico e procedimental ao invés de midiático e parcial", afirmou o advogado e ex-secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten.
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