Ex-atleta paralímpico briga na Justiça por diploma de educação física
O ex-atleta paralímpico Caíque Palma de Souza, 27 anos, abandonou a carreira no atletismo pela falta de patrocínio e passou a investir na formação em educação física. Apesar de ter terminado o curso, ele agora enfrenta uma nova dificuldade: teve que acionar a Justiça porque sua faculdade não emite seu diploma.
Por causa da falta de diploma, ele diz que deixou de conseguir emprego na área e tem sofrido prejuízos no mercado de trabalho.
Caíque cursou uma parte da graduação em uma instituição por três anos e meio. Em maio do ano passado, trocou de faculdade para concluir a reta final do curso de educação física na Unibf (União Brasileira de Faculdades).. Apesar de ter finalizado todas as disciplinas, o trabalho de conclusão de curso e o estágio obrigatório, a universidade argumenta que seria necessário passar um período mínimo de dois anos para obter o diploma e pagar mensalidades mesmo sem ter disciplinas pendentes para cursar.
Seus advogados entraram com ação na Justiça sob argumento de que as exigências apresentadas pela Unibf para obter o documento não têm respaldo legal. "Desde o dia 01 de agosto de 2023, data em que cumpriu todos os requisitos necessários para a conclusão do curso com a aprovação no TCC, o autor busca reiteradamente a emissão de seu diploma junto à Requerida, que por sua vez se recusa a emitir o documento", argumenta o advogado Luis Gabriel Vieira na ação protocolada no Juizado Especial Federal de Campinas.
A história de Caíque se tornou conhecida porque ele passou a trabalhar em 2021 como entregador de aplicativos de restaurantes em Paulínia, cidade a 123 km de São Paulo onde ele reside.
Ele se locomovia em sua cadeira de rodas para fazer as entregas. Nesse período, passou a cursar educação física em busca da possibilidade de mudar de carreira após sua formação. Mas o imbróglio com a faculdade adiou até hoje esse plano.
*Diante do impasse,* o atleta teve que buscar a Justiça para tentar obter seu diploma. O pedido de decisão liminar foi negado pela 1ª Vara da Justiça Especial Federal de Campinas, o que deve atrasar ainda mais o desfecho do caso, mas a defesa solicitou a reconsideração.
É difícil ter sido atleta durante onze anos, encerrar a carreira para se tornar profissional da área, passar quatro anos em uma faculdade com o maior esforço conciliando com o trabalho, pra no final você ver seu sonho sendo jogado fora sem poder trabalhar com o que quer. Isso tá afetando até minha saúde psicológica
Caique Palma de Souza, ex-atleta paralímpico
Caíque nasceu com uma malformação na coluna chamada mielomeningocele, doença congênita que prejudica o desenvolvimento da medula espinhal. Aos 12 anos começou a vida no esporte participando da categoria de arremesso de dardos. Depois se tornou velocista, conquistando diversas medalhas e inscrevendo seu nome na lista dos melhores resultados do país no Comitê Paralímpico Brasileiro.
Reportagem
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