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PGR aponta vínculo entre plano de golpe de Bolsonaro e 8 de Janeiro

Em uma manifestação apresentada no inquérito da Polícia Federal que apura a discussão de um plano de golpe por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apontou, pela primeira vez, um vínculo entre essas articulações golpistas e os atos violentos do 8 de Janeiro, que resultaram em invasão e depredação das sedes dos três Poderes.

Até agora, as defesas dos investigados têm afirmado que a discussão de um documento prevendo a convocação de novas eleições não configura crime por não ter sido colocado em prática e que não haveria nenhuma relação dessas tratativas com o 8 de Janeiro.

"Os elementos de convicção até então colhidos indicam que a atuação da organização criminosa investigada foi essencial para a eclosão dos atos depredatórios ocorridos em 8.1.2023", escreveu Gonet, em documento sigiloso enviado ao STF no mês de junho. O UOL teve acesso à manifestação da PGR.

Gonet também indicou ao STF que os acusados pelo plano de golpe poderão ser cobrados para ressarcir os cofres públicos por prejuízos da ordem de R$ 26 milhões, provocados pela destruição do patrimônio público.

A Polícia Federal deve concluir o inquérito até o final do ano. Depois disso, Gonet será o responsável por decidir sobre a apresentação de uma denúncia ao STF sobre os fatos investigados.

A PF já obteve indícios de que o então presidente Jair Bolsonaro discutiu uma minuta golpista com os comandantes das Forças Armadas após sua derrota nas eleições, para tentar continuar no poder. O caso foi revelado pelo UOL, em setembro de 2023. Outros auxiliares, civis e militares, também participaram das articulações. O relatório final da PF deve destrinchar o papel de cada um nessas tratativas.

A manifestação apresentada pelo procurador-geral ao STF já aponta uma correlação entre os assuntos. Isso poderia agravar os crimes atribuídos aos acusados.

O posicionamento do procurador-geral foi apresentado em resposta a um pedido da defesa de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, para revogação de medidas cautelares - como a proibição do contato do dirigente partidário com outros investigados, como o ex-presidente Bolsonaro.

A defesa de Valdemar também pediu a restituição do dinheiro apreendido em sua residência, R$ 53 mil, e três relógios de luxo.

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Para Gonet, os valores não devem ser devolvidos porque os investigados pelo plano de golpe poderão ter que ressarcir os cofres públicos pelo prejuízo da destruição do 8 de Janeiro.

"Não parece recomendável, também, a restituição dos bens apreendidos. O requerente é investigado por crimes que resultaram em expressivos prejuízos à Fazenda Pública", escreveu o PGR.

Em seguida, ele acrescentou que os danos foram calculados em R$ 3,5 milhões ao Senado, R$ 2,7 milhões à Câmara dos Deputados, mais de R$ 9 milhões ao Palácio do Planalto e R$ 11,4 milhões ao STF.

"O Decreto-Lei n. 3.240/41 autoriza a constrição de patrimônio lícito, justamente a fim de garantir o ressarcimento do dano, como efeito da condenação (art. 91, inciso I, CP). Há tratamento mais rigoroso para os autores de crimes que importam dano à Fazenda Pública, como forma de tutelar, de modo mais efetivo, o patrimônio público e, assim, o interesse da coletividade atingida por tais práticas delituosas", afirmou Gonet.

Os pedidos da defesa de Valdemar Costa Neto foram indeferidos pelo relator do caso, o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Procurada, a defesa de Valdemar afirmou ter convicção de que Gonet irá se convencer, ao final da investigação, de que não houve envolvimento dele nos fatos investigados.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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