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Saída de Doria faz PSDB paulista cogitar Rodrinaro, Rodrilula e Rodriciro
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A retirada da pré-candidatura de João Doria à Presidência da República está obrigando as pré-campanhas ao governo paulista de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), de Rodrigo Garcia (PSDB), de Márcio França (PSB) e até de Fernando Haddad (PT) a redefinirem suas estratégias eleitorais. Sem um tucano como candidato ao Planalto, o atual governador começa a buscar votos entre os eleitores de Lula (PT), Jair Bolsonaro (PL) e Ciro Gomes (PDT).
Nos bastidores do PSDB paulista, por exemplo, já se cogita a possibilidade da criação de chapas informais na linha "Rodrigonaro", "Rodrilula" e "Rodriciro", conforme for se definindo o cenário eleitoral na reta final das eleições para o Palácio dos Bandeirantes. Oficialmente e, portanto, publicamente, Rodrigo Garcia apoia a pré-candidatura de Simone Tebet (MDB), que pode contar com o PSDB em sua chapa presidencial. A senadora, porém, ainda apresenta fraco desempenho nas pesquisas eleitorais para o Planalto.
Outro efeito imediato da desistência foi enfraquecer a ligação entre o ex-governador tucano e o atual, criando um "fogo de barreira" às críticas dos adversários, até agora muito centradas na gestão João Doria no estado (2019-2022), mas também à longa dinastia do PSDB.
Em conversas privadas e em agendas públicas, o governador está procurando marcar essa posição. Durante jantar com empresários organizado pela Esfera Brasil na última terça-feira (31), em São Paulo, Garcia fez seu discurso de apresentação sem renegar o antecessor, mas sempre tentando já se apresentar como o novo, mesmo que seu partido esteja há quase três décadas no comando do estado. "Não adianta querer dizer que eu sou a continuidade de um governo de 28 anos. Eu continuo querendo inovar", afirmou.
"Mesmo quando João Doria era o pré-candidato do PSDB, eu já falava que São Paulo tem a sua história e o seu futuro", disse o tucano aos empresários. Ele também reforçou a disposição de manter a disputa regional fora dos conflitos ideológicos entre esquerda e direita ao afirmar que o estado não pode ser um "instrumento" de nenhum candidato a presidente da República.
Nos bastidores da campanha de Tarcísio, que vem demonstrando bom desempenho nas pesquisas de intenção de voto até aqui, a preocupação passou a ser com a possibilidade de a saída de Doria, adversário figadal de Bolsonaro, da disputa abrir canais de diálogo entre Garcia e o Palácio do Planalto, com vistas a um eventual segundo turno entre Lula e o atual presidente no âmbito nacional no qual não se repita em São Paulo essa polarização, ou seja, que tenha, por exemplo, Garcia e Haddad. [
Nessa hipótese, Bolsonaro precisaria contar com a ajuda de Garcia para derrotar o PT. Estimativa feita por Valdemar Costa Neto, presidente do PL, a um interlocutor: Tarcísio Gomes de Freitas deverá ter, na disputa pelo governo de São Paulo, a metade da votação que Jair Bolsonaro obtiver para presidente no estado.
Quem conhece bem Costa Neto traduz: o cacique continuará com um pé em duas canoas em São Paulo, na de Tarcísio, o candidato oficial do PL em aliança com o Republicanos, e na de Garcia, o nome apoiado por parte expressiva do PL paulista, incluindo deputados federais, estaduais e prefeitos.
O governador tucano, conforme o raciocínio do presidente do PL, deve ser o principal beneficiado pela outra metade dos votos de Bolsonaro já no primeiro turno. A título de comparação, em 2018, o presidente recebeu 13, 3 milhões de votos em São Paulo na primeira fase da eleição.
Naquela eleição, Bolsonaro não apresentou um candidato "oficial" ao Palácio dos Bandeirantes, mas acabou impulsionado pela aliança circunstancial com João Doria, o então candidato do PSDB.
Na centro-esquerda, o temor é de que Garcia vire a opção do eleitor paulista que rejeita Bolsonaro e, por consequência, Tarcísio, mas que também não gosta de Lula ou do PT. Se isso acontecer, a pré-candidatura de França irá murchar ainda neste mês, avaliam estrategistas do PT e do PSDB. O ex-governador do PSB vem procurando se manter nessa posição desde o início da pré-campanha, mas seu partido está oficialmente coligado com o ex-presidente petista.
Para o time de Haddad, a dificuldade colocada pela desistência de Doria foi o fim da ligação direta de Garcia com a pré-campanha do ex-governador, de quem ele era vice. O pré-candidato petista ao Bandeirantes tem ainda uma dificuldade adicional: como centrar fogo em toda a gestão tucana no estado, iniciada em 1995 com Mario Covas (1930-2001), se Geraldo Alckmin (PSB), o vice de Lula, comandou o governo estadual por quatro mandatos pelo PSDB (2001-2002, 2003-2006, 2011-2014 e 2015-2018)?
O PDT, de Ciro, mantém a pré-candidatura de Elvis Cezar a governador. Porém, Garcia também faz acenos a eleitor do ex-ministro e presidenciável pedetista quando rejeita a polarização entre Lula e Bolsonaro.
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