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SP teme boicote velado da Petrobras a pacote de obras viárias de Garcia
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Enquanto em público Tarcísio Gomes de Freitas e Rodrigo Garcia (PSDB) seguem mantendo uma linha cordial na pré-campanha para o governo de São Paulo, nos bastidores as equipes do ex-ministro e a do atual governador paulista estão trocando acusações de boicotes velados e de retaliações, especialmente na área de infraestrutura, que foi comandada pelo pré-candidato do Republicanos na gestão de Jair Bolsonaro na Presidência.
A mais recente dessas batalhas, que já vem sendo chamada por técnicos e empreiteiros de "guerra do asfalto", envolve o fornecimento de cimento asfáltico de petróleo (CAP) pela Petrobras para o programa de construção, recuperação e asfaltamento de estradas do estado, que o governo paulista diz ser o maior de toda a história da administração pública em São Paulo.
São, na verdade, dois programas, o Novas Estradas Vicinais e o Estrada Asfaltada, anunciados pelo governo Garcia. A meta oficial é modernizar, no total, 10,2 mil quilômetros de 918 estradas estaduais, somando investimentos da ordem de R$ 11,1 bilhões. Segundo apurou a coluna, há o temor de que falte asfalto para a conclusão das obras, consideradas de forte apelo neste ano eleitoral.
Em privado, técnicos e assessores do governo de São Paulo dizem que há um boicote velado da Petrobras para retardar a execução das obras e favorecer Tarcísio Gomes de Freitas, adversário de Rodrigo Garcia, na campanha eleitoral. Uma das estratégias da pré-campanha do governador, candidato à reeleição, é comparar as entregas de obras viárias do governo federal em São Paulo com as da atual gestão do tucano.
De seu lado, Tarcísio já está usando na pré-campanha dados de sua passagem pelo Ministério da Infraestrutura e no Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) para dizer que comandou um grande programa de ampliação e recuperação de rodovias.
Segundo o Sinicesp (Sindicato da Indústria da Construção Pesada do estado de São Paulo), que agrega as empresas de obras rodoviárias, existe a possibilidade de faltar cimento asfáltico para as obras. O CAP é essencial nos trabalhos de pavimentação de estradas e de rodovias. "Sem dúvida alguma, essa é uma preocupação do segmento, uma preocupação válida", diz Carlos Prado, gerente técnico da entidade classista.
O problema estaria localizado na Replan, refinaria da Petrobras em Paulínia (SP), região de Campinas. A unidade, segundo apurou a coluna com empresas e administrações públicas, não consegue entregar o CAP na quantidade e na velocidade que as obras necessitam.
Ao menos duas cidades dessa mesma região do estado relataram, ainda em abril, problemas na execução de obras de pavimentação por falta de cimento asfáltico. Nos dois casos, as empresas responsáveis pelas obras disseram que a Replan não estava conseguindo abastecer o mercado.
Segundo apurou a coluna com técnicos do governo paulista, houve uma determinação da direção da Petrobras para que a Replan reduzisse seu volume de produção de CAP no estado, o que está obrigando as empresas executoras das obras a buscar o produto em refinarias de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, onde também há escassez de oferta.
Eventualmente, tem faltado asfalto nas obras dos programas do governo paulista. A preocupação é que isso se intensifique com a proximidade das eleições. Segundo apurou a coluna, faltou CAP para a obra de uma estrada vicinal em Pontal (SP), os serviços incluem pavimentação de 4,5 quilômetros, com investimento do DER (Departamento de Estradas e de Rodagem) de R$ 3,8 milhões.
Uma das empresas relatou, sob anonimato, que a justificativa apresentada pela Petrobras foi a guerra entre Rússia e Ucrânia. A Coluna solicitou informações para a Petrobras, por e-mail e via aplicativo de mensagens, no dia 25 de maio último. Mas, até a publicação desta reportagem, a empresa não havia dado resposta para as questões enviadas.
Procurada pela coluna, a Secretaria de Logísticas e de Transportes do governo de São Paulo afirmou apenas que não há atrasos nas obras.
Após a publicação desta reportagem, a Petrobras enviou uma nota à coluna: "No estado de São Paulo, a Petrobras possui duas refinarias que produzem ligantes asfálticos: a Refinaria de Paulínia (Replan) e a Refinaria Henrique Lage (Revap). Em relação à Replan, no período de fevereiro a abril de 2022, tivemos interrupções pontuais de entrega de ligantes asfálticos em função da indisponibilidade temporária de petróleos adequados. Trata-se de uma cadeia de suprimento de alta complexidade, uma vez que é necessária a alocação de elencos de petróleos específicos nas datas apropriadas, visando ao atendimento ao mercado. Nestes casos, a Petrobras busca oferecer aos seus clientes outras refinarias, de forma a mitigar o impacto ao mercado. A Petrobras aumentou a sua produção na Revap, de forma que o volume efetivamente entregue aos clientes superou o volume dos pedidos comerciais para o mesmo período e reafirma o seu esforço no atendimento integral dos compromissos firmados com as distribuidoras de asfaltos".
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