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Bolsonaro pode ter acertado o pé ao mirar em CPI como método de pressão
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A ideia de criar uma CPI para investigar a Petrobras pode se transformar no maior tiro no pé de Jair Bolsonaro e dos governistas neste ano eleitoral. Simplesmente porque a oposição reagiu rapidamente e tomou para si a missão de instaurar a comissão investigativa.
Se atingirem o objetivo, os oposicionistas deverão fazer o governo Bolsonaro sangrar até as eleições em uma área sensível para o presidente, a economia. Ou seja, para usar o linguajar da política, a CPI, mesmo se não avançar um palmo em investigações, pode virar combustível (com o perdão da trocadilho) para os adversários eleitorais do Planalto e do centrão: imaginem, em plena campanha, o depoimento de uma mãe que, sem condições de comprar um botijão de gás, está cozinhando o pouco que tem de comida com lenha para alimentar os filhos.
Ainda no início da sexta-feira (17), logo após anúncio de novo reajuste de preços de combustíveis, Arthur Lira e Bolsonaro, em uma escalada de ameaças, visivelmente jogando para a plateia, evocaram as três letrinhas mágicas para pressionar a Petrobras. A ideia, claro, também era colocar em pé a narrativa de que o Planalto e os governistas não possuem responsabilidade pelo aumento do preço dos combustíveis.
"Conversei agora há pouco com o Arthur Lira, reunido com líderes partidários, e a nossa ideia é propor uma CPI para investigar a Petrobras, seus diretores e os membros do Conselho", disse o presidente, a uma emissora de rádio de Natal (RN), onde participou de mais uma motociata. Horas depois, também na sexta-feira, o senador Randolfe Rodriges (Rede-AP), um dos coordenadores da pré-campanha de Lula (PT), decidiu apoiar a ideia e ganhou a adesão de outros oposicionistas.
Curioso que Lira foi um crítico feroz da CPI da Covid, que funcionou no ano passado, no Senado. Para o presidente da Câmara, pelo jeito, comissões de investigações, instrumento importante para o papel fiscalizador do Congresso, podem servir para pressionar a direção de Petrobrás quando ela contraria os interesses do governo, mas são inconcebíveis quando se propõem a esmiuçar a matança de brasileiros por conta das ações do presidente em promover remédios ineficazes em vez de comprar rapidamente vacinas para a população.
O governo, incompetente e imprudente, não tinha e não tem, como em outras áreas, um plano para resolver ou mitigar um problema real entre os muitos que afligem os brasileiros. Não há relatório de CPI que garanta a redução no preço dos combustíveis e o abastecimento. Se vingar a ideia de instaurar a comissão, o presidente vai sangrar durante três ou quatro meses, afogado em um assunto desfavorável, e sairá do outro lado pior do que entrou.
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