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Pesquisa derruba a tese da polarização Lula-Bolsonaro em SP
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A mais recente pesquisa Datafolha derruba duas teses recorrentes na imprensa e nos meios políticos: a de que a disputa pelo governo de São Paulo espelharia a polarização Lula (PT) versus Jair Bolsonaro (PL) e a de que seria impossível o florescimento de qualquer candidatura competitiva fora dessas órbitas no Brasil atual.
Ao menos por ora, os resultados indicam que o cenário no maior colégio eleitoral do país continua, na verdade, opondo os "vermelhos" contra os "azuis", exatamente como ocorre desde as antigas disputas entre o MDB e a Arena durante a ditadura militar (1964-1985), e que uma bem-sucedida terceira via de centro-direita tem chances de conquistar a vitória.
Segundo o Datafolha, o "vermelho" Fernando Haddad (PT) lidera seguido pelos azuis Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB), sendo que este último, atual governador de São Paulo, vem, ao menos até aqui, se posicionando contra a polarização e as disputas ideológicas dos times de Lula e Bolsonaro.
Com base no histórico das eleições para o governo de São Paulo, tudo indica que Fernando Haddad, apoiado por Lula, tem grandes chances de estar no segundo turno, restando a seus dois adversários diretos a disputa pela segunda vaga. A título de comparação, em 2002 havia três candidatos competitivos: o "vermelho" José Genoino (PT) e os "azuis" Geraldo Alckmin (então no PSDB) e Paulo Maluf (PP). No segundo turno, o tucano derrotou o petista.
Até aqui, Garcia é a encarnação da terceira via de centro-direita, mesma posição em que o "moderado" Tarcísio, o candidato do presidente, tem se colocado. A diferença entre essas duas pré-candidaturas conservadoras está na modulação dos discursos em relação a Bolsonaro e a Lula. O governador tem evitado críticas e elogios a ambos os líderes das pesquisas para o Planalto. O ex-ministro mantém distância regulamentar dos radicalismos do presidente, mas não se omite em defendê-lo ou em elogiá-lo, e, em sentido contrário, é um crítico impiedoso do petista.
Bolsonaro é um candidato tóxico em São Paulo, como mostrou o Datafolha. Para Tarcísio, a questão, a partir de agora, é decidir se continuará buscando se descolar do presidente ou será impelido, pela mão pesada de seu padrinho ou pelas circunstâncias eleitorais do viés de alta de Garcia, a abraçar de vez o chamado "bolsonarismo".
Do lado tucano, a pergunta é: até quando Garcia continuará assistindo, sem reagir fortemente, aos movimentos de Tarcísio para longe do desgaste de Bolsonaro? Ou, em outros termos, até quando o governador hesitará em ligar o desgaste do criador em São Paulo à criatura?
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