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Alberto Bombig

REPORTAGEM

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PSDB e seus aliados podem se transformar em satélite do bolsonarismo em SP

30.jul.2022 - Jair Bolsonaro (PL) participa da convenção do Republicanos, em São Paulo, que oficializa a candidatura do ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas ao governo do estado - Stella Borges/UOL
30.jul.2022 - Jair Bolsonaro (PL) participa da convenção do Republicanos, em São Paulo, que oficializa a candidatura do ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas ao governo do estado Imagem: Stella Borges/UOL

Colunista do UOL

07/10/2022 10h26

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O cenário da disputa eleitoral pela prefeitura da capital paulista e de cidades importantes do interior está sendo determinante nos posicionamentos políticos deste segundo turno e pode levar o antes poderoso PSDB-SP a se transformar em satélite do bolsonarismo no estado de São Paulo, governado pelos tucanos quase 28 anos.

Nos bastidores, avançam as conversas para uma aliança programática de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), o candidato de Jair Bolsonaro (PL) a governador, com alas majoritárias do partido tucano, da União Brasil e do MDB, este último do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. Os entendimentos teriam começado antes mesmo do primeiro turno.

A avaliação unânime do agrupamento é de que a força do bolsonarismo no interior de São Paulo não deixará espaço para uma reconstrução do campo dominado pelo PSDB no curto prazo. Ou seja, os prefeitos, os vereadores e os deputados tucanos, do MDB, da União Brasil já estão embarcados na campanha de Tarcísio e lutar contra esse fato seria suicídio político.

Se confirmada, a aliança marcará uma guinada na forma como o PSDB-SP se posicionou durante quase todo o governo Bolsonaro: o ex-governador João Doria fez oposição dura ao presidente. Na campanha de Haddad, a leitura é de que os indícios da composição entre os times de Rodrigo Garcia, derrotado no primeiro turno, e o de Tarcísio estão principalmente na maneira como o então candidato tucano conduziu sua estratégia, centrando fogo no petista.

A campanha de Haddad aponta, por exemplo, o fato de a aliança em torno de Rodrigo ter usado até o espaço de seus candidatos ao Congresso para criticar a gestão do petista na prefeitura da capital (2013-2016).

As conversas em curso envolvem a indicação de quadros desses partidos para compor o governo estadual, caso Tarcísio sai vencedor no próximo dia 30. Ou seja, seria uma forma de o PSDB, o MDB e a União Brasil continuarem na máquina pública.

O raciocínio desse agrupamento é simples: uma eventual vitória de Lula a presidente e de Fernando Haddad (PT) a governador deixará os petistas e seus aliados muito fortes para a eleição municipal daqui a dois anos, em todo o estado.

Não foi por outro motivo que Rodrigo Garcia (PSDB), o atual governador, e Nunes declararam apoio a Tarcísio. Ainda há a expectativa na campanha de Bolsonaro de que o prefeito siga o mesmo caminho do tucano e se manifeste também pela reeleição do presidente contra Lula.

O próprio Lula já declarou que deverá apoiar Guilherme Boulos (PSOL) a prefeito, caso o deputado federal eleito pelo PSOL decida concorrer novamente ao cargo (foi derrotado em 2020 no segundo turno).

Segundo um tucano ouvido pela coluna, trata-se de uma estratégia de sobrevivência desse campo político capitaneado por Rodrigo Garcia e Nunes na capital e no estado. O PSDB está na administração Nunes, que era vice do tucano Bruno Covas, morto em 2021. A União Brasil é o esteio da gestão do prefeito na Câmara Municipal de São Paulo, presidida por Milton Leite.