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Kassab 2, a missão de transformar Tarcísio em líder da centro-direita
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A confirmação de Gilberto Kassab em posição de destaque no secretariado de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) foi entendida nos bastidores da política como um indicativo de que o presidente do PSD terá entre as suas missões transformar o governador eleito de São Paulo em líder da centro-direita nacional e presidenciável capaz de enfrentar Lula e a esquerda, seja em 2026 ou em 2030.
Kassab renunciou ao projeto de ser ministro de Lula para ocupar um cargo importante no governo de São Paulo, porém, de menor expressão e sem a amplitude que um presidente de partido necessita para dialogar com todos os estados da Federação e com as bancadas federais do PSD.
Segundo um membro importante da equipe de transição de Lula, um pedido direto de Kassab para ocupar um ministério seria muito difícil de ser negado pelo presidente, com quem o futuro secretário mantém boa relação. O PSD negocia ao menos duas pastas na Esplanada com o presidente eleito.
Ainda assim, Kassab preferiu comandar o PSD a partir do Palácio dos Bandeirantes, onde ocupará a Secretaria de Governo. A função mais óbvia a ser assumida por ele será a de organizar a base política de Tarcísio na Assembleia Legislativa do estado, missão que um político experiente, com passagens relevantes pelo Executivo como ele, não deverá encontrar muitas dificuldades em cumprir.
Conhecido nos bastidores como um articulador que enxerga longe (e até no escuro), Kassab, no entanto, mira outros horizontes, avalia quem o conhece bem. Para esses aliados e interlocutores, ele pretende repetir, agora no governo do estado, a fórmula de sucesso que fez dele prefeito da capital paulista em 2006, quando era vice de José Serra (PSDB) e assumiu a administração municipal após a renúncia do titular, que concorreu ao Palácio dos Bandeirantes.
O projeto já é chamado reservadamente de "Kassab 2, a missão". Em 2008, Kassab foi reeleito prefeito de São Paulo e colocou em plano seu projeto de criar um partido político, o PSD, que elegeu 42 deputados federais neste ano e está entre os mais fortes do Senado, onde mantém a presidência da Casa com Rodrigo Pacheco (PSD).
Em linhas gerais, Kassab pode se projetar no governo de São Paulo como um sucessor natural de Tarcísio para a eleição de 2026, caso o atual governador decida disputar o Planalto, ou se cacifar para ser o candidato a vice, caso Tarcísio escolha concorrer à reeleição. Nas duas hipóteses, o presidente do PSD estará "bem-posicionado", expressão que norteia a política.
O atual vice-governador de São Paulo é Felicio Ramuth (PSD), ex-prefeito de São José dos Campos, indicado ao cargo por Kassab. Conforme um interlocutor de ambos, é pouco provável que Ramuth imponha qualquer resistência se o presidente de seu partido quiser ser ele o vice em 2026.
Ou seja, se virar vice, Kassab automaticamente será pré-candidato ao Bandeirantes em 2030, com grandes chances de assumir o governo porque Tarcísio deverá concorrer ao Planalto ou ao Senado. Não é segredo nem novidade que um dos sonhos de Kassab é governar o estado.
Segundo apurou a coluna, a meta de Kassab é transformar Tarcísio em um novo líder do conservadorismo democrático nacional a partir de São Paulo, um dos principais estados da Federação, e abrir os canais de diálogo dele com outros presidentes de partidos e com os parlamentares. Em resumo, conferir ao governador uma amplitude política e uma imagem de estadista.
Para isso, será preciso organizar uma base sólida em São Paulo, erguida sobre o assentamento deixado pelos longos anos de hegemonia tucana, mas que sofreu desgaste após, principalmente, o embate com Jair Bolsonaro (PL) durante a gestão de João Doria (PSDB).
Um dos aliados do ex-ministro lembra, inclusive, que o próprio Doria chegou a incumbir Kassab, ainda em 2018, de ajudar a transformá-lo em presidenciável. O projeto, porém, naufragou porque o tucano desistiu de manter o presidente do PSD no governo.
Kassab já demonstrou ser habilidoso o suficiente para ter vencido a eleição em São Paulo com Tarcísio, o candidato de Bolsonaro, mas sem ter se aferroado ao atual presidente, de quem ele se afastou ainda em 2021.
A partir de agora, o desafio será manter a mesma proximidade com Lula e o PT enquanto constrói uma alternativa nacional ao petista e à centro-esquerda para as eleições futuras.
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