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Alberto Bombig

REPORTAGEM

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Planalto quer usar cargos ocupados por militares para enfraquecer oposição

Valdemar Costa Neto, presidente do PL - EVARISTO SA / AFP
Valdemar Costa Neto, presidente do PL Imagem: EVARISTO SA / AFP

Colunista do UOL

18/01/2023 11h33Atualizada em 18/01/2023 11h36

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A articulação política do Palácio do Planalto planeja utilizar cargos ocupados por militares na estrutura do governo federal para tentar enfraquecer a oposição no Congresso.

A estratégia é oferecer essas indicações para deputados, senadores e dirigentes de partidos como o PL, de Jair Bolsonaro, o PP e o Republicanos, que ficaram fora do primeiro escalão. Boa parte desses cargos é ocupada por militares nomeados por Bolsonaro e que deverão ser desalojados pelo presidente Lula (PT).

A estimativa é de que ao menos cerca de 2.000 postos federais em todo o Brasil ainda estejam ocupados por militares (da ativa ou da reserva, das Forças Armadas ou das PMs), entre ministérios, autarquias e estatais federais, todos nomeados nas gestões de Bolsonaro e de Michel Temer. Em alguns casos, as exonerações já foram feitas, mas as vagas ainda não foram definitivamente preenchidas.

Com nomeações para esses postos, o Planalto espera atrair parlamentares que não integram formalmente a base de apoio de Lula no Congresso e dividir a oposição. No PL, por exemplo, segundo apurou a coluna, um grupo de quase 40 dos 99 deputados federais eleitos estaria disposto a se aproximar do novo governo em troca de manter seus indicados em cargos estratégicos ou realocá-los para outras vagas.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, anunciou que o partido será oposição ao governo Lula e trabalha para fazer o ex-ministro Rogério Marinho (RN) presidente do Senado Federal. A sigla terá a maior bancada da Casa, com 15 senadores.

Uma das ideias colocadas à mesa é a de parlamentares insatisfeitos migrarem para partidos que já integram a base de apoio governista no Congresso. A situação nos bastidores do PL é tensa, especialmente após os atos golpistas de 8 de janeiro passado. Cresceu o temor de que a sigla seja associada diretamente aos apoiadores de Bolsonaro que promoveram o vandalismo e afrontaram as instituições.

Dentre os postos mais cobiçados nos escalões inferiores estão, por exemplo, as diretorias da Ceagesp, em São Paulo. A presidência era ocupada pelo coronel Mello Araújo, da PM paulista, nomeado por Bolsonaro, mas que renunciou após a vitória de Lula.
A expectativa é de que as nomeações para central de abastecimento ocorram nos próximos dias.