Amanda Cotrim

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Venezuelanos refugiados já se preparam para voltar, diz líder da oposição

A líder da oposição na Venezuela María Corina Machado disse neste domingo que os refugiados que saíram do país voltarão para casa se o candidato Edmundo Gonzáles derrotar Nicolás Maduro nas urnas. "Venezuelanos que tiveram de sair do país já preparam as malas para voltar", disse Maria Corina, em conversa com jornalistas logo após votar em sua zona eleitoral, em Caracas.

Mais de 7 milhões de venezuelanos emigraram para outros países, incluindo o Brasil, diante da degradação da economia e da perseguição dos governos chavistas aos seus opositores. A situação dos refugiados venezuelanos é considerada uma das maiores crises humanitárias do momento, superando inclusive o número de refugiados sírios, que fogem da guerra civil que assola seu país desde 2011 e que já matou mais de meio milhão de pessoas.

Faltando quatro horas para o fechamento dos colégios eleitorais, 42% dos eleitores venezuelanos já haviam votado, um resultado significativo num país onde o voto não é obrigatório. O registro revela que o país pode viver uma das maiores participações populares na história recente do país, onde a oposição vê chances reais de derrubar o chavismo depois de 25 anos. "A oposição está fazendo história", disse María Corina após votar sob aplausos e gritos de apoio — "Liberdade, liberdade, liberdade", gritavam os eleitores presentes — em Caracas.

Sob um sol de 28 graus, María Corina Machado, que liderava as pesquisas eleitorais, mas foi impedida de concorrer pelo sistema eleitoral controlado por Maduro, se dirigiu aos refugiados que tiveram negado o direito de votar por burocracias impostas pelo governo . Somente 69.000 conseguiram o feito. "Vocês poderão voltar para casa, porque a Venezuela voltará a ser grande", disse María Corina em uma coletiva para jornalistas logo após votar.

Mais cedo, sua mãe, Corina Parisca Pérez, também falou sobre os venezuelanos que estão fora do país. "Homens e mulheres que fugiram do país serão essenciais para reconstruir a Venezuela. Somos um país com muitas riquezas e esperamos que muitos homens e mulheres com estudo voltem para o que a Venezuela foi e pode voltar a ser", disse ela à imprensa. Corina esteve ao lado da filha em diversos comícios.

O otimismo da líder da oposição e seus aliados é proporcional ao temor de que Maduro imponha dificuldades à apuração ou limite a transparência do processo de votação. Ela e Edmundo Gonzáles, que herdou a candidatura de Corina quando ela foi impedida de concorrer, contam com uma corrente voluntária de fiscais de urnas para garantir o processo eleitoral.

Amor à Venezuela e ao Brasil

O êxodo da Venezuela impactou também o Brasil onde vivem mais de 500.000 cidadãos venezuelanos. Muitos atravessa a fronteira do Brasil através da cidade de Pacaraima, em Roraima, e boa parte se instala em Boa Vista, capital do estado, para ficar mais perto do seu país. Outros seguem para cidades mais centrais, como Esperanza Herrera, que se mudou para Campinas, interior paulista, em 2017, no auge da crise econômica sob Maduro. "Voltei para a Venezuela em 2019 por saudades da minha mãe e da família", contou ela ao UOL logo após votar em Caracas.

Esperança disse que tem amor pelo Brasil e pensa em vender sua casa em Caracas para voltar. Perguntada se ela vai embora mesmo se Edmundo ganhar, diz que ficaria dividida, mas acabaria ficando perto da família em sua terra natal.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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