Quem quer vacina? Eles estão brincando com nossas vidas
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As vacinas são nossa única esperança para combater a pandemia do coronavírus e permitir que a gente possa voltar a levar uma vida normal, com segurança e liberdade, sem medo.
Mas no Palácio do Planalto e nas redes sociais ainda tem gente que não acredita.
Acabei de ver agora vídeo em que um bando de alucinados, com bandeiras e camisetas amarelas, queima máscaras e brada contra a vacina, em frente à Assembleia Legislativa de São Paulo.
Esse é o resultado da guerra por protagonismo em torno da vacina, travada pelas mais altas autoridades da República, que transformaram o debate num programa de auditório, onde só falta o Silvio Santos entrar gritando:
"Quem quer vacina? Quem quer vacina?"
Todos eles, de Bolsonaro a Fux, de Doria a Maia, estão brincando com as vidas de 212 milhões de brasileiros, um querendo aparecer mais do que o outro.
Depois de Luiz Fux oferecer o plenário do Supremo Tribunal Federal, que ele preside, para pacificar a questão sobre a obrigatoriedade ou não da vacina, a confusão só aumentou.
Em resposta a Fux, o presidente disse que não é um juiz quem vai decidir sobre isso, mas o Ministério da Saúde _ ou seja, ele mesmo, já que o general de plantão só obedece às suas ordens.
Depois de passar um tempo desaparecido, Rodrigo Maia, o presidente da Câmara, entrou em campo para dizer que a decisão sobre a vacina cabe ao Executivo e ao Legislativo, também dando um chega pra lá no empavonado Fux.
De olho em 2022, para se apresentar como alternativa a Bolsonaro, o governador paulista João Doria resolveu bater de frente com o capitão, dizendo que, em São Paulo, quem manda é ele, e a vacina será obrigatória.
Como não dá para imaginar que a polícia obrigue uma pessoa a se vacinar na marra, ameaçando levá-la para a cadeia, talvez seja o caso de adotar medidas de bom senso para defender o interesse coletivo, sem desrespeitar as liberdades individuais.
Basta pedir uma prova de que a pessoa foi vacinada para ter acesso a locais públicos, por exemplo, como já fazem muitos países, que só deixam entrar quem se vacinou contra a febre amarela.
Aqui mesmo, no Brasil, para receber o Bolsa Família, as famílias precisam apresentar, em contrapartida, o cartão atualizado de vacinação dos seus filhos.
Bastaria pedir aos torcedores uma prova de que foram vacinados para poderem entrar nos estádios de futebol, quando for autorizada a sua reabertura.
O mais absurdo de tudo isso é que essa guerra das vacinas foi deflagrada no Brasil antes mesmo que elas existam, devidamente aprovadas pela OMS e pelas agencias nacionais de saúde de cada país.
Nós, jornalistas, acabamos fornecendo holofotes, espaços e microfones para que os pais da pátria subam ao palco em busca de aplausos dos seus seguidores, como se os brasileiros tivessem sido reduzidos a macacas de auditório nas tardes de domingo.
No "novo anormal" em que vivemos, nesta realidade virtual das redes sociais, até questões de vida ou morte para a população são tratadas com a maior leviandade, disseminando a desinformação e a insegurança sobre a importância das vacinas contra a Covid-19.
Não importa se a vacina é branca, vermelha ou amarela, o que precisamos é que ela nos proteja do vírus.
Quem quer vacina? Eu quero! Não aguento mais ficar em casa.
Vida que segue.
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