Bolsonaro suspende compra de seringas; Doria confirma início da vacinação
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Como esta coluna antecipou na segunda-feira, o governador João Doria confirmou hoje o conjunto de ações do plano de vacinação contra o Covid-19 em São Paulo, que começa mesmo no dia 25 de janeiro. E garantiu que toda a população do Estado será vacinada até o fim do ano (ver aqui no UOL).
Nesta quinta-feira, o Instituto Butantan, que produz a Coronavac em parceria com a China, deverá entregar todos os dados de eficácia e segurança solicitados pela Anvisa. Solicitará, ao mesmo tempo, a autorização emergencial e o registro definitivo da vacina.
Em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, antes de dar inicio à reunião de emergência com 17 ministros no Palácio do Planalto para discutir o plano de imunização do governo federal, publicou em suas redes sociais a decisão de suspender a compra de seringas, "até que os preços voltem à normalidade".
"Como houve interesse do Ministério da Saúde em adquirir seringas para seu estoque regulador, os preços dispararam", justificou o presidente.
Se o Brasil tivesse providenciado a compra de seringas em meados do ano passado, como fez o governo de São Paulo, quando as vacinas já estavam sendo desenvolvidas, isso certamente não aconteceria.
Alguém precisa informar o general da Saúde que, quando cresce a demanda, os preços costumam subir, desde que inventaram a lei da oferta e da procura.
Por que ele só descobriu agora que o país precisa comprar vacinas e agulhas para aplicar as vacinas? Às pressas, promoveu uma licitação, que fracassou, na semana passada.
O mesmo vai acontecer agora também com as vacinas, que o Ministério da Saúde até hoje não comprou na quantidade necessária para vacinar a população, limitando-se a assinar alguns "termos de compromisso" com laboratórios que já não conseguem atender à demanda.
Parece que vivemos em dois países diferentes: o do general Pazuello, comandado pelo capitão, e o do professor Dimas Covas, diretor do Butantan, que já tem mais de 10 milhões de doses da vacina estocadas com as respectivas seringas e demais insumos.
Fazer reunião de emergência agora, quase um ano depois da descoberta do coronavírus, quando a pandemia já matou quase 200 mil brasileiros e o país está se aproximando dos 8 milhões de contaminados?
Chega a ser um acinte tamanha irresponsabilidade e descaso com as vidas de 212 milhões de brasileiros.
Negar a gravidade da pandemia, depois debochar de quem faz quarentena e usa máscara, provocando aglomerações, até liderar a campanha antivacina: o conjunto da obra do governo federal não foi de combate à pandemia, mas uma disputa infantil e idiota com o governador de São Paulo, até chegarmos ao caos instalado no Ministério da Saúde, ocupado por militares em lugar de técnicos e cientistas.
Agora, a liberação da Coronavac, a única vacina que chegou até hoje ao Brasil, está nas mãos de um contra-almirante nomeado por Bolsonaro para a Anvisa.
Esse roteiro suicida, que foge à compreensão humana, nada tem de político ou ideológico, muito menos científico ou patriótico: é a marcha da insensatez, da boçalidade em último grau, escrito por um psicopata/sociopata, que precisa urgentemente ser contido pelas instituições da sociedade civil, incluídas as autoridades psiquiátricas, sob o olhar inerte dos generais aquartelados no Palácio do Planalto.
Com a pandemia fora de controle, hospitais em colapso, filas de pacientes à espera de uma UTI, caminhões frigoríficos armazenando cadáveres, escavadeiras abrindo covas nos cemitérios, a economia produzindo desemprego, miséria e fome, só falta agora impedir que a vacinação comece em São Paulo no dia marcado.
Confesso que me faltam palavras para explicar o que está acontecendo. Nem estou conseguindo entender.
Parece até que estamos nos Estados Unidos do amigo Trump, que virou uma república bananeira.
Vida que segue, até quando?
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