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OPINIÃO

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Às vésperas da Copa, a grande festa do futebol está de volta aos estádios

Torcida do Flamengo faz a festa no Maracanã minutos antes do jogo contra o Atlético-MG pela Copa do Brasil - MARCELO DE JESUS/MDJPHOTOS/ESTADÃO CONTEÚDO
Torcida do Flamengo faz a festa no Maracanã minutos antes do jogo contra o Atlético-MG pela Copa do Brasil Imagem: MARCELO DE JESUS/MDJPHOTOS/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

25/08/2022 12h10

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Após os dois anos de pandemia, que afastaram as torcidas dos estádios, a grande festa do futebol voltou com tudo este ano, às vésperas de mais uma Copa do Mundo.

Empurrados pelas arquibancadas lotadas, os grandes times brasileiros estão oferecendo belíssimos espetáculos, dentro e fora dos gramados, como faz muito tempo não víamos.

Nos dois clássicos entre times do Rio e de São Paulo pela Copa do Brasil, nesta quarta-feira gorda, mais de 100 mil torcedores ocuparam o Maracanã e o Morumbi, com quatro belos gols em cada jogo.

Tite e sua comissão técnica foram ver Fluminense e Corinthians no estádio e certamente viram também São Paulo e Flamengo pela TV. Devem também ter-se contagiado com a festa das torcidas e o belo futebol mostrado dentro de campo.

Agora que as seleções podem levar 26 jogadores para a Copa, é bem possível que convoquem para ir ao Qatar mais atletas que atuam no Brasil.

Isso certamente poderá contribuir para reaproximar a torcida brasileira da sua seleção e criar um clima de otimismo para a Copa, recolocando o país pentacampeão mundial entre os favoritos.

Tite deveria aproveitar esse momento favorável para se reunir com os técnicos desses times de maiores torcidas, incluindo aí o Palmeiras e o Atlético Mineiro, e discutir com eles não só novas convocações, mas também recolher o que de bom pode ser aproveitado das suas experiências no desenho tático da seleção.

Por muito tempo, a seleção brasileira ficou separada do futebol brasileiro, como se fosse apenas o "time de Tite", com seus "estrangeiros" que jogam na Europa, e têm lugar cativo nas convocações. Ao mesmo tempo, houve uma invasão de técnicos estrangeiros no país, enquanto exportávamos "pé-de-obra" de jogadores ainda muito jovens, uma onda que já está refluindo.

Agora é hora de reunir todos novamente no mesmo barco, aproveitando o bom momento da Copa do Brasil e do Brasileirão, com jogos que nada ficam a dever aos grandes clássicos europeus. Tite agora pode ver bom futebol sem sair daqui.

Com a volta da torcida aos estádios, os clubes também estão arrecadando mais e poderão manter por mais tempo suas jovens revelações, em lugar de repatriar veteranos e comprar jogadores meia-boca de países vizinhos, como fazem Corinthians e São Paulo.

Isso permitirá novos investimentos em seus centros de treinamento para os jogadores da base que, em vez de sonhar em ir para a Europa, poderiam fazer uma bela carreira aqui mesmo e disputar uma vaga na seleção.

É animador ver técnicos da nova geração, como Fernando Diniz e Rogério Ceni, ousando investir em jovens talentos e outras formas de jogar, dando espetáculo, mesmo quando seus times não ganham, como vimos na quarta-feira.

Parece que o Brasil redescobriu a alegria do futebol, em meio a tantas tristezas dos últimos anos, quando os times se viram obrigados a jogar para arquibancadas vazias.

Esses novos tempos só não chegaram ainda à arbitragem e à chamada crônica esportiva, que também estão precisando de uma renovação, com novos conceitos e novas caras, para afastar de vez o "complexo de vira-latas", em que só presta o que vem de fora, de que falava o imortal Nelson Rodrigues, cada vez mais atual.

A boa notícia que vem de fora no momento é a a ressurreição de Neymar, que parou de reclamar dos juízes e dos adversários, deu um tempo nas baladas, e voltou a jogar seu melhor futebol, a três meses do início da Copa do Mundo, no final de novembro, que pode ser a sua última.

Nada mal, para ele e para nós, que se despeça com um título, que se tornou não só possível, como provável.

Antes, porém, teremos as eleições presidenciais, que também poderão mudar a cara feia do Brasil da pandemia e do bolsonarismo que assolaram o país.

Estarei sendo muito otimista?

Vida que segue.

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