Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Às vésperas da Copa, a grande festa do futebol está de volta aos estádios
![Torcida do Flamengo faz a festa no Maracanã minutos antes do jogo contra o Atlético-MG pela Copa do Brasil - MARCELO DE JESUS/MDJPHOTOS/ESTADÃO CONTEÚDO](https://conteudo.imguol.com.br/c/esporte/5a/2022/07/13/torcida-do-flamengo-faz-a-festa-no-maracana-minutos-antes-do-jogo-contra-o-atletico-mg-valido-pela-copa-do-brasil-1657763158660_v2_900x506.jpg)
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Após os dois anos de pandemia, que afastaram as torcidas dos estádios, a grande festa do futebol voltou com tudo este ano, às vésperas de mais uma Copa do Mundo.
Empurrados pelas arquibancadas lotadas, os grandes times brasileiros estão oferecendo belíssimos espetáculos, dentro e fora dos gramados, como faz muito tempo não víamos.
Nos dois clássicos entre times do Rio e de São Paulo pela Copa do Brasil, nesta quarta-feira gorda, mais de 100 mil torcedores ocuparam o Maracanã e o Morumbi, com quatro belos gols em cada jogo.
Tite e sua comissão técnica foram ver Fluminense e Corinthians no estádio e certamente viram também São Paulo e Flamengo pela TV. Devem também ter-se contagiado com a festa das torcidas e o belo futebol mostrado dentro de campo.
Agora que as seleções podem levar 26 jogadores para a Copa, é bem possível que convoquem para ir ao Qatar mais atletas que atuam no Brasil.
Isso certamente poderá contribuir para reaproximar a torcida brasileira da sua seleção e criar um clima de otimismo para a Copa, recolocando o país pentacampeão mundial entre os favoritos.
Tite deveria aproveitar esse momento favorável para se reunir com os técnicos desses times de maiores torcidas, incluindo aí o Palmeiras e o Atlético Mineiro, e discutir com eles não só novas convocações, mas também recolher o que de bom pode ser aproveitado das suas experiências no desenho tático da seleção.
Por muito tempo, a seleção brasileira ficou separada do futebol brasileiro, como se fosse apenas o "time de Tite", com seus "estrangeiros" que jogam na Europa, e têm lugar cativo nas convocações. Ao mesmo tempo, houve uma invasão de técnicos estrangeiros no país, enquanto exportávamos "pé-de-obra" de jogadores ainda muito jovens, uma onda que já está refluindo.
Agora é hora de reunir todos novamente no mesmo barco, aproveitando o bom momento da Copa do Brasil e do Brasileirão, com jogos que nada ficam a dever aos grandes clássicos europeus. Tite agora pode ver bom futebol sem sair daqui.
Com a volta da torcida aos estádios, os clubes também estão arrecadando mais e poderão manter por mais tempo suas jovens revelações, em lugar de repatriar veteranos e comprar jogadores meia-boca de países vizinhos, como fazem Corinthians e São Paulo.
Isso permitirá novos investimentos em seus centros de treinamento para os jogadores da base que, em vez de sonhar em ir para a Europa, poderiam fazer uma bela carreira aqui mesmo e disputar uma vaga na seleção.
É animador ver técnicos da nova geração, como Fernando Diniz e Rogério Ceni, ousando investir em jovens talentos e outras formas de jogar, dando espetáculo, mesmo quando seus times não ganham, como vimos na quarta-feira.
Parece que o Brasil redescobriu a alegria do futebol, em meio a tantas tristezas dos últimos anos, quando os times se viram obrigados a jogar para arquibancadas vazias.
Esses novos tempos só não chegaram ainda à arbitragem e à chamada crônica esportiva, que também estão precisando de uma renovação, com novos conceitos e novas caras, para afastar de vez o "complexo de vira-latas", em que só presta o que vem de fora, de que falava o imortal Nelson Rodrigues, cada vez mais atual.
A boa notícia que vem de fora no momento é a a ressurreição de Neymar, que parou de reclamar dos juízes e dos adversários, deu um tempo nas baladas, e voltou a jogar seu melhor futebol, a três meses do início da Copa do Mundo, no final de novembro, que pode ser a sua última.
Nada mal, para ele e para nós, que se despeça com um título, que se tornou não só possível, como provável.
Antes, porém, teremos as eleições presidenciais, que também poderão mudar a cara feia do Brasil da pandemia e do bolsonarismo que assolaram o país.
Estarei sendo muito otimista?
Vida que segue.
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