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Opinião

Brasil está ficando um país previsível, até chato, parece mais uma Bélgica

"Agência que avalia risco cita reformas e melhora nota do Brasil" (Folha).

"Avanço de reformas eleva nota de crédito do Brasil" (Globo).

"Nota sobe, mas Brasil precisa de reformas, dizem analistas" (Estadão).

Há quanto tempo não víamos isso: manchetes positivas, quase idênticas, nos três principais jornais brasileiros?

Uma das principais agências internacionais de avaliação de risco de mercado, a Fitch citou "desempenho acima do esperado para a economia brasileira e elevou ontem sua nota para o país, movimento mais incisivo do que a melhora da perspectiva de longo prazo anunciada em junho pela S&P", informa a Folha.

De país pária, que assustava o mundo com a matança diária de indígenas e a destruição da Amazônia, de repente, em apenas 7 meses, o Brasil se tornou um país mais ou menos normal, previsível, até chato, mais parecido com a Bélgica, onde nunca acontece nada surpreendente e os jornalistas encontram dificuldades para achar manchetes capazes de chamar a atenção dos leitores.

Previ, no começo do mês, que julho seria um tempo de calmaria no Brasil, com a melhora dos indicadores econômicos e a política entrando em recesso de inverno. O pior já tinha passado, depois do fatídico 8 de Janeiro. A colega Fabíola Cidral, do UOL News, achou que estava me precipitando, porque somos um país imprevisível e eu poderia ser desmentido antes do programa acabar, mas até aquj, dia 27, os fatos me dão razão.

Já nem lembro quando foi a última vez que o mercado ficou nervoso com alguma decisão do governo na área econômica. A Bolsa não despenca mais e o dólar não dispara, ao contrário. A Faria Lima agora só tem elogios para o ministro Fernando Haddad e sua equipe econômica. Todos os indicadores da economia melhoraram no mês de julho e, finalmente, o Banco Central terá que começar a reduzir os juros agora em agosto.

Outra boa notícia do dia vem da Petrobras. Com a nova política de preços, que baixou geral o preço dos combustíveis, a empresa teve o melhor primeiro semestre em vendas dos últimos seis anos. Ganhou a empresa e ganharam os consumidores brasileiros. É o jogo do "ganha-ganha" de que tanto fala Haddad.

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"Se melhorar estraga", costumava brincar Lula quando saia alguma pesquisa favorável durante as campanhas eleitorais. É o que ele deve estar dizendo hoje ao ler o noticiário, que deixou um pouco de lado a lenga-lenga da "reforma ministerial", para tratar de assuntos mais sérios, como a previsão de investimentos no novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que também deve ser anunciado em agosto.

Arguto observador da cena nacional, o repórter e memorialista Alberto Villas, editor do "Sol", uma news-lettter comentada, que sai de domingo a domingo, publicou hoje um breve resumo do que foram estes primeiros 7 meses do terceiro governo Lula. É um balanço animador, que reproduzo abaixo:

* Tomou posse.

* Sobreviveu a um golpe.

* Acabou com o cercadinho.

*Trouxe de volta o Bolsa Família.

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* Aumentou o salário mínimo acima da inflação.

*Salvou centenas de vidas yanomamis.

* Voltou com o programa Mais Médicos.

* Lançou a Constituição em Língua Indígena.

* Ativou a campanha de vacinação.

* Fez viagens internacionais em defesa da América Latina.

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* Ajustou a Lei do Armamento

* Cobrou o processo do caso Marielle.

* Começou a expulsar os garimpeiros ilegais da Amazônia.

* Derrubou o preço da cesta básica.

*Reformou o Minha Casa Minha Vida.

* Foi claro.

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Se não fosse a dor causada pela artrose nos quadris, a única notícia negativa do dia, Lula não teria motivos para se queixar da vida. Só não entendo por que esperar até outubro para fazer a cirurgia recomendada pelos médicos.

Será a velha teimosia do matuto sertanejo ou o receio de tomar anestesia? Com a palavra, o doutor Roberto Kalil, que cuida dele.

Vida que segue.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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