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De volta à normalidade, o país vê oposição esfarelar e se reduzir a nichos

Sem líder e sem discurso, sete meses após a troca de governo, a oposição bolsonarista está cada vez menor no parlamento, na mídia e na sociedade. Julho vai chegando ao fim num clima de absoluta normalidade institucional, como há muito tempo não se via no país. A palavra crise sumiu das manchetes, que já não assustam mais ninguém.

"A vida já está bem melhor...", resume Malaquias, um amigo que é técnico de enfermagem, quando lhe pergunto como vai, ao reencontrá-lo no sábado de manhã, todo sorridente.

De olho no piso da enfermagem que deve ser aprovado em Brasília nos próximos dias, após uma longa novela no Congresso e no STF, esse cidadão que podemos chamar de brasileiro feliz, agora faz planos, em vez de contas para ver o salário chegar até o fim do mês. Não é para menos: seu salário deve quase dobrar, enquanto os preços dos alimentos e dos combustíveis estão caindo.

"Precisamos reencontrar a normalidade", prega o imortal Merval Pereira, um ácido crítico dos governos petistas, em sua coluna de domingo no Globo.

Esse reencontro já está acontecendo, caro Merval, como você pode observar em outras colunas do jornal na editoria de economia. O clima de otimismo que se voltou a respirar no país, graças ao duro e competente trabalho do ministro da Fazenda Fernando Haddad, que está chegando até ao mercado, é a melhor prova de que estamos voltando à normalidade, para mim a maior conquista do atual governo até agora.

Até o Paulo Guedes, czar da Economia no governo anterior, parece mais feliz agora, passeando tranquilamente pelas praias cariocas, como mostrou minha colega Carla Araújo, aqui no UOL. Para ele, política é coisa do passado, agora só quer tocar seus negócios, como está acontecendo com muitos dos seus pares.

Oposição mesmo, do bolsonarismo raiz, está sendo reduzido a nichos do mercado, do parlamento, dos agro-trogloditas que financiaram atos antidemocráticos, e da imprensa, onde sobrevive em colunas de ex-jornalistas da velha direita ainda em atividade, viúvas da Lava Jato e órfãos do antigo PSDB, nas redes sociais e em emissoras de menor expressão.

Boa parte do antigo Centrão já aderiu ao novo governo, como era de se esperar, e a outra está em negociações, até de setores do PL de Valdemar Costa Neto e do PP de Arthur Lira e Ciro Nogueira. A extrema-direita vai ficando isolada, falando sozinha em atos pró-armas e reuniões paroquiais de militares da reserva.

Esta semana, o governo deu novos e vigorosos sinais do desmonte das políticas armamentistas e da desmilitarização das instituições e da administração pública, com os programas para a Segurança Pública e da desativação das escolas cívico-militares, símbolos do governo passado. Fora os filhos do ex-presidente e alguns senadores como Moro e Mourão não vi ninguém reclamar dessas medidas.

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A governabilidade vai sendo construída aos poucos, e a pacificação do país, tão almejada, será consequência disso. Ficará faltando o STF concluir os inquéritos que se arrastam há anos sobre as fake news e os atos antidemocráticos, punindo e tirando de circulação os golpistas, e o Congresso terminar de votar o pacote econômico da Reforma Tributária e das metas fiscais.

As viagens do presidente Lula ao exterior, por sua vez, já renderam bons dividendos para reativar o Fundo Amazônia, que ficou congelado por quatro anos na administração anterior, ao mesmo tempo em que liberava, sem nenhum controle ou fiscalização, a entrada de armas, aviões, e máquinas de madeireiros e garimpeiros ilegais, ligados ao crime organizado, com a complacência das Forças Armadas, agora convocadas pelo novo governo para proteger as fronteiras e os territórios indígenas, em trabalho conjunto com a Polícia Federal, a Funai e o Ibama.

Falta muito ainda, mas o processo de reconstrução do país está em curso. Isso não é a minha opinião, mas o que nos mostram os fatos e os números do primeiro semestre. Basta consultar o Google, sem preconceitos nem partidarismos.

Sorria, você está outra vez no Brasil.

Vida que segue.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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