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OPINIÃO

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Até onde vai paciência da torcida, jogadores e diretoria com Rogério Ceni?

Rogério Ceni, técnico do São Paulo, em jogo contra o Ituano pela Copa do Brasil: até quando?  - Marcello Zambrana/AGIF
Rogério Ceni, técnico do São Paulo, em jogo contra o Ituano pela Copa do Brasil: até quando? Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Colunista do UOL

13/04/2023 11h54Atualizada em 13/04/2023 21h04

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Já deu, Rogério Ceni.

Como ele não vai pedir o boné, pois é muito orgulhoso e se acha o dono do clube, eu me pergunto até onde vai a paciência da torcida, dos jogadores e da diretoria do São Paulo para continuar passando vergonha, vendo seu time em campo sem saber o que fazer com a bola, sem chutar a gol, sem nenhum esquema tático ou jogada ensaiada, só cumprindo tabela.

Como jogador, ele foi o maior ídolo da torcida do clube, ninguém discute. Mas, como técnico do São Paulo, Rogério Ceni é um rotundo fracasso, pela segunda vez.

Não é só pelos resultados medíocres e a eliminação nas quartas de final do Paulistão, mas pelo futebol indigesto que o time vem mostrando em campo, desde o retorno do técnico ao Morumbi, sem mostrar qualquer sinal de reação.

Depois do sonolento 0 a 0 contra o Ituano pela Copa do Brasil, nesta terça-feira, até o técnico perdeu a paciência com o seu time. "Não tivemos organização, criamos poucas oportunidades claras de gol. Vergonhoso para mim ver o time no segundo tempo, com erros de passes assustadores, o que não é nosso padrão", reconheceu na entrevista coletiva, sem assumir nenhuma responsabilidade pelo vexame.

Lamento dizer, mas esse tem sido, sim, o padrão do time (ou a falta de), com raras exceções, como no segundo tempo do jogo contra o Tigres, na Argentina, semana passada, que criou mais uma ilusão passageira na torcida.

O que ele ficou fazendo com os jogadores no CT da Barra Funda nos 24 dias em que o São Paulo ficou sem jogar, depois de ser eliminado pelo Água Santa nos pênaltis?

Das duas uma: ou Rogério é tão genial que os jogadores não entendem o que o técnico quer, ou ele e o coordenador técnico Muricy Ramalho só contrataram pernas-de-pau, em mais um troca-troca do início do ano.

Por falar nisso, que fim levou Muricy Ramalho? Desde que o time afundou, ele sumiu.

Depois, não adianta o técnico ficar andando de um lado para outro na beira do campo, gesticulando e gritando sem parar, xingando os jogadores, como um torcedor qualquer da arquibancada.

O Morumbi de hoje não lembra em nada aquele clube-modelo em que que Rogério Ceni jogou, a não ser pelo apoio da torcida tricolor, que continua fiel. Até quando?

Foi-se o tempo em que o CT de Cotia era um celeiro de novos craques para o time de cima, o Refis funcionava como um relógio, o departamento médico logo devolvia os contundidos em boa forma e as finanças estavam sob controle.

O Palmeiras de hoje virou o São Paulo de ontem, - e vice-versa.

Uma sequência de administrações desastrosas levou o São Paulo ao atual estágio, endividado e sem um bom elenco, e não se pode colocar toda a culpa em Rogério Ceni, já que a diretoria é omissa e virou piada diante da sua falta de autoridade diante do técnico. Mas, se não trocar logo de técnico, o São Paulo não tem chances de disputar títulos este ano. Ao contrário: vai, novamente, correr o risco de ser rebaixado para a serie B do Brasileirão.

Está na cara que os jogadores já não aguentam mais o técnico, e ninguém no vestiário faz questão que ele fique. Nos últimos tempos, Rogério e os jogadores já entram em campo com cara de derrotados, como se pode notar durante a execução do Hino Nacional.

De tanto mudar o estatuto do clube para se eternizar no poder, um grupo de amigos vitalícios, hoje comandado pelo publicitário Júlio Casares, que também sumiu, levou o São Paulo ao fundo do poço, de onde não consegue mais sair. Deve ser o único clube grande no país que sequer tem oposição, há muito tempo, e onde até as torcidas organizadas foram cooptadas.

Às vésperas da abertura do Brasileirão neste final de semana, é o que temos.

O time atual já não deve nem saber por que a camisa tricolor carrega duas estrelas douradas acima do distintivo. Na próxima preleção, se ainda estiver no São Paulo, Rogério Ceni poderia refrescar a memória dele e dos jogadores para voltar a honrar a história do único clube brasileiro tricampeão mundial.

Vida que segue.