Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Até onde vai paciência da torcida, jogadores e diretoria com Rogério Ceni?
![Rogério Ceni, técnico do São Paulo, em jogo contra o Ituano pela Copa do Brasil: até quando? - Marcello Zambrana/AGIF](https://conteudo.imguol.com.br/c/esporte/2d/2023/04/12/rogerio-ceni-tecnico-do-sao-paulo-em-jogo-contra-o-ituano-pela-copa-do-brasil-1681320722662_v2_900x506.jpg)
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Já deu, Rogério Ceni.
Como ele não vai pedir o boné, pois é muito orgulhoso e se acha o dono do clube, eu me pergunto até onde vai a paciência da torcida, dos jogadores e da diretoria do São Paulo para continuar passando vergonha, vendo seu time em campo sem saber o que fazer com a bola, sem chutar a gol, sem nenhum esquema tático ou jogada ensaiada, só cumprindo tabela.
Como jogador, ele foi o maior ídolo da torcida do clube, ninguém discute. Mas, como técnico do São Paulo, Rogério Ceni é um rotundo fracasso, pela segunda vez.
Não é só pelos resultados medíocres e a eliminação nas quartas de final do Paulistão, mas pelo futebol indigesto que o time vem mostrando em campo, desde o retorno do técnico ao Morumbi, sem mostrar qualquer sinal de reação.
Depois do sonolento 0 a 0 contra o Ituano pela Copa do Brasil, nesta terça-feira, até o técnico perdeu a paciência com o seu time. "Não tivemos organização, criamos poucas oportunidades claras de gol. Vergonhoso para mim ver o time no segundo tempo, com erros de passes assustadores, o que não é nosso padrão", reconheceu na entrevista coletiva, sem assumir nenhuma responsabilidade pelo vexame.
Lamento dizer, mas esse tem sido, sim, o padrão do time (ou a falta de), com raras exceções, como no segundo tempo do jogo contra o Tigres, na Argentina, semana passada, que criou mais uma ilusão passageira na torcida.
O que ele ficou fazendo com os jogadores no CT da Barra Funda nos 24 dias em que o São Paulo ficou sem jogar, depois de ser eliminado pelo Água Santa nos pênaltis?
Das duas uma: ou Rogério é tão genial que os jogadores não entendem o que o técnico quer, ou ele e o coordenador técnico Muricy Ramalho só contrataram pernas-de-pau, em mais um troca-troca do início do ano.
Por falar nisso, que fim levou Muricy Ramalho? Desde que o time afundou, ele sumiu.
Depois, não adianta o técnico ficar andando de um lado para outro na beira do campo, gesticulando e gritando sem parar, xingando os jogadores, como um torcedor qualquer da arquibancada.
O Morumbi de hoje não lembra em nada aquele clube-modelo em que que Rogério Ceni jogou, a não ser pelo apoio da torcida tricolor, que continua fiel. Até quando?
Foi-se o tempo em que o CT de Cotia era um celeiro de novos craques para o time de cima, o Refis funcionava como um relógio, o departamento médico logo devolvia os contundidos em boa forma e as finanças estavam sob controle.
O Palmeiras de hoje virou o São Paulo de ontem, - e vice-versa.
Uma sequência de administrações desastrosas levou o São Paulo ao atual estágio, endividado e sem um bom elenco, e não se pode colocar toda a culpa em Rogério Ceni, já que a diretoria é omissa e virou piada diante da sua falta de autoridade diante do técnico. Mas, se não trocar logo de técnico, o São Paulo não tem chances de disputar títulos este ano. Ao contrário: vai, novamente, correr o risco de ser rebaixado para a serie B do Brasileirão.
Está na cara que os jogadores já não aguentam mais o técnico, e ninguém no vestiário faz questão que ele fique. Nos últimos tempos, Rogério e os jogadores já entram em campo com cara de derrotados, como se pode notar durante a execução do Hino Nacional.
De tanto mudar o estatuto do clube para se eternizar no poder, um grupo de amigos vitalícios, hoje comandado pelo publicitário Júlio Casares, que também sumiu, levou o São Paulo ao fundo do poço, de onde não consegue mais sair. Deve ser o único clube grande no país que sequer tem oposição, há muito tempo, e onde até as torcidas organizadas foram cooptadas.
Às vésperas da abertura do Brasileirão neste final de semana, é o que temos.
O time atual já não deve nem saber por que a camisa tricolor carrega duas estrelas douradas acima do distintivo. Na próxima preleção, se ainda estiver no São Paulo, Rogério Ceni poderia refrescar a memória dele e dos jogadores para voltar a honrar a história do único clube brasileiro tricampeão mundial.
Vida que segue.
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