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Balaio do Kotscho

OPINIÃO

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Rogério tinha que sair, mas só isso não basta: precisa trocar meio time

Rogério Ceni, técnico do São Paulo, e presidente Julio Casares, em coletiva após derrota para o Internacional pelo Brasileirão - Thiago Braga/UOL
Rogério Ceni, técnico do São Paulo, e presidente Julio Casares, em coletiva após derrota para o Internacional pelo Brasileirão Imagem: Thiago Braga/UOL

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Enfim, uma boa noticia para os torcedores do São Paulo:

"Dorival Júnior é o nome mais forte e comentado nos bastidores do São Paulo", informam os colegas Bruno Andrade, André Hernan e Paulo Vinicius Coelho, aqui no UOL.

Trocar o técnico era necessário e urgente, como escrevi em coluna da semana passada, mas só isso não basta.

Com esse elenco de jogadores meia boca, nem Guardiola ou Ancelotti seriam capazes de montar um bom time de futebol para disputar títulos e não apenas cumprir tabela, como o São Paulo tem feito.

O atual elenco foi quase todo formado por Rogério Ceni nestes 18 meses da sua segunda passagem pelo clube. Cansou de trocar seis por meia dúzia, demitindo e contratando por baciada, de preferência cucarachos, sem nenhum critério.

Para piorar a situação, com o clube cada vez mais endividado, a diretoria, quase sempre omissa, deixando tudo por conta do técnico, foi obrigada a vender alguns dos poucos craques revelados pelo CT de Cotia na atual administração. Saíram jovens revelações e entraram jogadores que nunca foram craques e, como estão mais velhos, rendem ainda menos.

Por isso, não adianta só trocar de técnico, se o elenco e a direção do clube continuarem os mesmos que levaram o São Paulo à beira da falência, passando vexame em campo e nas arquibancadas, onde a torcida se manteve fiel até outro dia. Mas, nesta terça-feira, na vitória chorada por 2 a 0 contra o Puerto Cabello, da Venezuela, a paciência parece ter chegado ao fim.

Foi o menor público para um jogo de Sul-Americana, em muito tempo, e as vaias começaram já no primeiro tempo, quando o time mostrou o mesmo bisonho desempenho das últimas partidas. Os dois gols foram achados só no final do segundo tempo, quando o técnico já tinha jogando a toalha e desistido de gritar com os jogadores, que parecem falar outra língua. Não é que eles não queiram jogar bem para boicotar o técnico. Não, eles são ruins mesmo.

O momento certo para tirar Rogério foi após a eliminação nos pênaltis contra o Água Santa no Paulistão, quando ficou claro que, com esse time, o São Paulo vai lutar para não cair no Brasileirão.

Teria havido tempo para uma completa reformulação do departamento de futebol, a começar pela contratação de um novo técnico. Pelo menos, daria uma esperança à torcida, já que, sem dinheiro em caixa, fica difícil contratar jogadores um pouco melhores.

Nas três semanas sem jogos que teve para dar um mínimo padrão tático ao time (qual time? ninguém sabe...), o que fez o técnico, além de reclamar do grande número de jogadores contundidos, o que tem sido uma rotina no Morumbi? Por que será? Eles já chegam bichados ou o Reffis e o departamento médico já não dão conta do serviço, depois de seguidos cortes nos orçamentos?

O fato é que, com essa diretoria, não dá para alimentar ilusões de que algo vá mudar no clube tão cedo, mesmo que venha o Dorival Júnior ou outro técnico e que vendam, pelo menos, meio time. Tirando o Calleri e o Gallopo, que está machucado e demora para voltar, os dois argentinos artilheiros do time, podem mandar embora qualquer um, sem medo de cometer alguma injustiça.

Dorival já teve passagem bem apagada pelo São Paulo na temporada 2017/2018 e, de lá para cá, só conquistou dois títulos importantes, no Flamengo, os primeiros da sua já longa carreira, mas mesmo assim não teve seu contrato renovado.

A essa altura do campeonato, porém, com o ambiente ruim criado pela arrogância e o autoritarismo de Rogério Ceni, tanto no vestiário como na arquibancada, qualquer um que vier será melhor para reanimar o time e a torcida.

Mais difícil será a tarefa de tirar essa diretoria, pois já fizeram tantas mudanças no estatuto, que se tornaram dirigentes vitalícios.

Fico com pena dos jovens torcedores, como a minha neta Bebel, tricolor até debaixo d´água. Aos 17 anos, ela só viu o São Paulo ser campeão (paulista) uma única vez. É esse o seu maior patrimônio, milhões de torcedores espalhados pelo país inteiro, que o único clube brasileiro tricampeão do mundo, tão mal dirigido, corre o risco de perder.

Vida que segue.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do publicado, o São Paulo disputa a Sul-Americana, não a Libertadores.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL